Luciana Whitaker/Folha Imagem

O cineasta Julio Bressane, tema de programa da série "Retratos Brasileiros", que o Canal Brasil exibe hoje à meia-noite

JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas

A série "Retratos Brasileiros", do Canal Brasil (canal a cabo do sistema Net), leva ao ar hoje, à meia-noite, um programa dedicado ao cineasta Julio Bressane.
Nada mais oportuno. Um dos mais inventivos, controvertidos e "difíceis" cineastas brasileiros, autor de 21 longas-metragens desde "Cara a Cara" (1967), Bressane, 52, é ainda pouco conhecido do público brasileiro.
O cinema do diretor é um biscoito fino que poucos têm podido desfrutar -embora o próprio Canal Brasil tenha exibido nas últimas semanas uma retrospectiva de seus filmes.
O programa de hoje é um minidocumentário sobre Bressane. Além de uma entrevista em que o cineasta procura explicar (mas sem concessões ao didatismo) suas motivações, vemos trechos de seus filmes e depoimentos de atores, artistas e críticos sobre sua obra.
Entre os atores que falam no programa estão Luiz Fernando Guimarães (que trabalhou com Bressane em "Brás Cubas"), Renata Sorrah (protagonista de "Matou a Família e Foi ao Cinema"), Norma Bengell (de "O Anjo Nasceu") e Othon Bastos (de "Os Sermões").
Esses depoimentos falam mais sobre o temperamento de Bressane no set -ao mesmo tempo explosivo e sereno, improvisador e meticuloso- do que sobre a natureza de seu cinema.
Caetano Veloso fala sobre sua participação no filme "O Mandarim" e o diretor teatral Antonio Abujamra louva a criatividade sem limites de Bressane.
Em sua intenção de tornar atraente o cinema do diretor, o programa apresenta como mera curiosidade certos procedimentos estéticos cruciais, como a metalinguagem ostensiva de "Brás Cubas", condizente com o livro de Machado de Assis que o inspirou.
Outro problema: o especial está passando só agora, encerrando a retrospectiva Bressane, quando deveria ter sido exibido antes, como um aperitivo aos filmes. Isso é facilmente corrigível: é só passar os filmes de novo.


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