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George Lucas fala com exclusividade sobre o último episódio de "Guerra nas Estrelas", que explica origem de Darth Vader
O eterno retorno
Divulgação
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Anthony Daniels (C-3PO) com Natalie Portman (Padme Amidala) e Hayden Christensen (Anakin Skywalker) em cena do terceiro episódio |
IAN SPELLING
DO "NEW YORK TIMES SYNDICATE"
George Lucas está guardando
sua espada de luz.
O criador barbudo do fenômeno "Guerra nas Estrelas" resolveu
pôr um fim a ele -apenas de certa forma, já que, como os cavaleiros jedis, a saga nunca morrerá de
fato- com a estréia mundial, na
próxima quinta, de "Star Wars:
Episódio 3 - A Vingança dos Sith",
que pré-estréia hoje, no Festival
de Cannes (leia texto nesta pág.).
Terceiro e último filme da trilogia de "preqüências", os filmes
cuja história antecede a do primeiro "Star Wars" a ser produzido, "A Vingança dos Sith" mostra
o percurso seguido pelo jovem e
impulsivo jedi Anakin Skywalker
(Hayden Christensen) até se
transformar em Darth Vader.
Em entrevista concedida em seu
rancho em San Rafael, na Califórnia, o cineasta comenta o novo filme, as críticas às duas primeiras
partes da trilogia atual e futuros
projetos relacionados à franquia.
Pergunta - Realmente chegamos
ao fim de "Star Wars"?
George Lucas - É o fim, sim. O filme começa com Darth Vader
quando criança e termina com ele
morrendo. Não sei para onde
mais eu poderia conduzi-lo.
Pergunta - Em "A Vingança dos
Sith", você aparece como um homem no teatro onde Anakin e Palpatine assistem a um espetáculo.
Por que fez uma ponta no filme?
Lucas - Minha filha me convenceu a isso. Katie está naquela cena
comigo, e minha outra filha,
Amanda, também. Katie falou:
"Vamos lá, você precisa entrar
nessa cena conosco". Então eu
disse: "Tá bom, eu vou". A cena
foi dirigida pelos caras dos efeitos
especiais. Estou no pano de fundo. Apenas fiquei lá, em pé.
Pergunta - É desconcertante ouvir a fala "é preciso treinar para
abrir mão de tudo o que teme perder". Por que Yoda teve de dizê-la?
Lucas - O que ele fala é que a posse é o outro lado da cobiça. O medo é a raiz do lado escuro.
Pergunta - Alguma vez pensou
em iniciar a história com Anakin
tendo a mesma idade que Luke
Skywalker tinha no original?
Lucas - Se tivesse feito isso, Anakin já seria um jedi. O primeiro
capítulo mostra basicamente como ele chega a ser um jedi. Queria
vê-lo como criancinha angelical.
"A Ameaça Fantasma" se propôs
a deitar as bases de tudo. Como
ele conhece Padme? Como ele se
torna um jedi? Todas essas coisas
são apresentadas, o que geralmente se faz no primeiro ato.
Quando fui fazer os primeiros
episódios, todo mundo falou: "Ele
vai fazer as "preqüências'! Legal,
mais "Star Wars'!" etc. e tal. E falei:
"Este primeiro é sobre um garoto
de nove anos e não tem Darth Vader". Todos reclamaram: "Meu
Deus, isso vai ser terrível". As pessoas diziam ao [produtor] Rick
[McCallum]: "Você precisa fazer
o Lucas parar. Precisamos ver
Darth Vader matando todo o
mundo".
Pergunta - E você respondia?
Lucas - Eu dizia: "Não é essa a
história. Estou contando uma história. Não é um trabalho de marketing. Vamos nos lembrar do
porquê de estarmos aqui". Eu não
briguei para ter minha liberdade
apenas para fazer basicamente o
que os estúdios fariam.
Naquele momento, todo mundo estava preocupado. Ninguém
se preocupa realmente com o que
as pessoas vão pensar do filme, todo mundo se preocupa em saber
se o filme vai dar dinheiro ou não.
E havia a possibilidade, naquele
momento, de eu perder tudo. O
filme poderia não ter dado lucro.
Já houve muitas seqüências que
fracassaram, e o episódio 1 veio
após um hiato de 20 anos.
Foi por isso que se criou um
hype exagerado em torno do filme -porque todo o mundo temia realmente que não fosse funcionar, temia que ninguém iria ao
cinema para assistir a uma história sobre um garoto. Mas eu fiz o
filme assim porque achei que devia e porque era assim que eu queria contar a história. Fiz isso para
contar essa história, não porque
queria fazer uma seqüência.
Quando chegou a hora do segundo, as pessoas ficaram ainda
mais temerosas. Disseram: "Todo
mundo odiou o primeiro; as pessoas vão odiar o segundo ainda
mais, porque agora você está
criando uma história de amor. Está na hora de trazer Darth Vader
de volta!". Eu disse: "Olhem só, é
uma história. Vamos contar a história, pelo amor de Deus! Vamos
fazer um terceiro filme, e aí Darth
Vader vai aparecer. Todo mundo
ficará contente, e a história chegará ao fim". Se não ganhamos dinheiro com isso, tudo bem. Eu
consegui fazer meus filmes e contar minhas histórias.
Pergunta - Até que ponto você está satisfeito com "A Vingança"?
Lucas - Adoro o terceiro filme. É
o mais emotivo dos três. Tenho a
tendência a enxergar os filmes como uma coisa só. Era isso que se
pretendia que fosse. Então foi
crescendo e se transformou nessa
coisa que eu não tinha imaginado
que pudesse virar. Eu disse: "Sabe
de uma coisa, mudaria tudo se eu
contasse o que antecede essa história, porque é interessante". Eu
sabia que, se fizesse isso, teria que
filmar o capítulo 1, já que tinha
começado antes pelo capítulo 4. E
eu sabia que teria que fazer outra
trilogia, para que fosse poético.
Pergunta - Por que não romper
totalmente com "Guerra nas Estrelas" agora? Por que anunciar versões em 3-D dos seis filmes e dois
programas de TV baseados em
"Guerra nas Estrelas"?
Lucas - Não vou fazer o seriado
de TV. Estou apenas ajudando a
desenvolvê-lo. Outras pessoas
vão criar o seriado. Não vou me
envolver com ele realmente. Mas
nunca vou cortar os laços com
"Guerra nas Estrelas" por completo. Eu amo "Guerra nas Estrelas" e não me incomodo de estar
envolvido com isso. Apenas não
quero passar o resto dos meus
dias fazendo isso. Não quero estar
nessa roda-viva, ter que trabalhar
com "Guerra nas Estrelas" todos
os dias, fazer apenas uma mídia,
um estilo específico. Quero sair
por aí e fazer outras coisas. Os seriados de TV e todas essas coisas
serão separados, como os livros.
Pergunta - Do que George Lucas
não consegue abrir mão?
Lucas - A fala de Yoda diz respeito a mim mesmo. Estou abrindo
mão do que mais temo perder [risos]. Na realidade, não. Mas estou
me desapegando. Gosto de
"Guerra nas Estrelas", mas não
pretendo passar o resto da vida fazendo isso. Existem coisas que
quero fazer antes de ir embora.
Tradução Clara Allain
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