São Paulo, terça-feira, 15 de maio de 2007

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Pinacoteca recebe coleção do palácio de Versalhes

Com abertura hoje, mostra vinda da França contempla iconografia dos reinados absolutistas de Luís 14, 15 e 16

Exposição em SP evidencia sutil humanização da figura do monarca, encarado primeiramente como semideus, herói mitológico


GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A vida de três reis franceses chega hoje aos corredores da Pinacoteca. Luís 14 ("o rei Sol"), 15 e 16 têm sua iconografia exposta nas salas refrigeradas do museu paulistano, numa parceria entre a instituição e o palácio de Versalhes.
Das 60 mil peças do acervo do palácio, o curador Xavier Salmon escolheu 60 -40 pinturas, 16 obras em papel, três esculturas e uma tapeçaria- para trazer ao Brasil, na primeira vinda da coleção à América Latina. Emprestadas pelo Masp, quatro pinturas complementam a exposição.
A rigor, as salas estão separadas por reinado, começando com Luís 14. A idéia do curador é mostrar a transformação na representação real ao longo da dinastia Bourbon (1664-1789).
Assim, durante o percurso, torna-se clara uma lenta humanização da figura do rei, antes retratado especialmente como imperador, semideus ou herói mitológico da antigüidade.
"De Luís 14, particularmente atento à sua figuração, é preciso guardar o desejo de aparecer enquanto soberano absoluto.
Ele fez de Versalhes, apoiado em sua administração, um retrato alegórico imenso, totalmente dedicado à sua pessoa", escreve o curador, autor também de duas obras sobre Maria Antonieta (sem tradução no Brasil).
A rainha -atualmente "in" por causa do filme de Sofia Coppola- aparece retratada em cinco obras, entre elas "Maria Antonieta a Cavalo", de 1783.
"O desejo de aparecer como o comum dos mortais exprimiu-se bem mais com a imagem da rainha. Com Maria Antonieta, ele conhecerá mesmo uma dimensão até ali não igualável."

Arquitetura
A coleção não apenas vem de Versalhes: o palácio é o cenário e às vezes o personagem central destas pinturas. Quem esteve no prédio ou já estudou sua arquitetura será capaz de reconhecer o grande apartamento, a escadaria dos embaixadores e a célebre galeria dos espelhos nas obras da coleção.
Em nenhum momento pode-se perder de vista o fato de ser essa uma arte oficial, concebida, em sua maior parte, sob encomenda. Feita essa ressalva, as pinturas servem como referência para indumentária e comportamento do período. É interessante por exemplo, comparar os diferentes retratos de Luís 14, da criança pintada em torno de 1645 ao rei idoso, 60 anos depois - poderosos, eles também eram mortais.


IMAGENS DO SOBERANO - ACERVO DO PALÁCIO DE VERSALHES
Quando:
abertura hoje (convidados); de ter. a dom., das 10h às 18h; até 5/8
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, tel. 0/xx/11/3229-9844)
Quanto: R$ 4 (grátis aos sábados)


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