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Pinacoteca recebe coleção do palácio de Versalhes
Com abertura hoje, mostra vinda da França contempla iconografia dos reinados absolutistas de Luís 14, 15 e 16
Exposição em SP evidencia sutil humanização da figura do monarca, encarado primeiramente como semideus, herói mitológico
GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A vida de três reis franceses
chega hoje aos corredores da
Pinacoteca. Luís 14 ("o rei
Sol"), 15 e 16 têm sua iconografia exposta nas salas refrigeradas do museu paulistano, numa
parceria entre a instituição e o
palácio de Versalhes.
Das 60 mil peças do acervo
do palácio, o curador Xavier
Salmon escolheu 60 -40 pinturas, 16 obras em papel, três
esculturas e uma tapeçaria-
para trazer ao Brasil, na primeira vinda da coleção à América
Latina. Emprestadas pelo
Masp, quatro pinturas complementam a exposição.
A rigor, as salas estão separadas por reinado, começando
com Luís 14. A idéia do curador
é mostrar a transformação na
representação real ao longo da
dinastia Bourbon (1664-1789).
Assim, durante o percurso, torna-se clara uma lenta humanização da figura do rei, antes retratado especialmente como
imperador, semideus ou herói
mitológico da antigüidade.
"De Luís 14, particularmente
atento à sua figuração, é preciso
guardar o desejo de aparecer
enquanto soberano absoluto.
Ele fez de Versalhes, apoiado
em sua administração, um retrato alegórico imenso, totalmente dedicado à sua pessoa",
escreve o curador, autor também de duas obras sobre Maria
Antonieta (sem tradução no
Brasil).
A rainha -atualmente "in"
por causa do filme de Sofia
Coppola- aparece retratada
em cinco obras, entre elas "Maria Antonieta a Cavalo", de
1783.
"O desejo de aparecer como o
comum dos mortais exprimiu-se bem mais com a imagem da
rainha. Com Maria Antonieta,
ele conhecerá mesmo uma dimensão até ali não igualável."
Arquitetura
A coleção não apenas vem de
Versalhes: o palácio é o cenário
e às vezes o personagem central
destas pinturas. Quem esteve
no prédio ou já estudou sua arquitetura será capaz de reconhecer o grande apartamento,
a escadaria dos embaixadores e
a célebre galeria dos espelhos
nas obras da coleção.
Em nenhum momento pode-se perder de vista o fato de ser
essa uma arte oficial, concebida, em sua maior parte, sob encomenda. Feita essa ressalva,
as pinturas servem como referência para indumentária e
comportamento do período. É
interessante por exemplo,
comparar os diferentes retratos de Luís 14, da criança pintada em torno de 1645 ao rei idoso, 60 anos depois - poderosos,
eles também eram mortais.
IMAGENS DO SOBERANO - ACERVO DO PALÁCIO DE VERSALHES
Quando: abertura hoje (convidados);
de ter. a dom., das 10h às 18h; até 5/8
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da
Luz, 2, tel. 0/xx/11/3229-9844)
Quanto: R$ 4 (grátis aos sábados)
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