São Paulo, sexta-feira, 15 de maio de 2009

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Artista carioca inaugura instalação interativa e gigante em Nova York

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Uma mistura de arquitetura espacial, escultura sensorial e animal vertebrado gigante invadiu o espaço de exposições da organização de artes Park Avenue Armory, em Nova York, nesta semana.
Com 58,5 m de comprimento, 37 m de largura e 21 m de altura, é "Anthropodino", megainstalação do artista carioca Ernesto Neto aberta ontem e em cartaz até 14 de junho.
Ao trabalhar com proporções inéditas em sua trajetória, Neto expressou seu "grande interesse no corpo e na continuidade entre ele e a paisagem", segundo afirmou a jornalistas na última quarta.
Por alguns ângulos, "Anthropodino" reflete um ser humano, com uma base esquelética que lembra uma coluna vertebral. Por outro, destacou Neto, pode parecer cavernas, montanhas, um jardim japonês, uma expressão de conforto no ambiente.
Ele convida o público a vivenciar a obra de várias formas: caminhando por dentro de seus labirintos, nadando em uma piscina de bolinhas, relaxando no grande pufe colorido, sentindo o cheiro das especiarias que pendem do teto em 30 sacos de poliamida.
"Tudo aqui é movido a interação", afirma ele. "Estou interessado nos acidentes que geram as coisas."
Descontado o tamanho colossal, "Anthropodino" é familiar ao Brasil, onde Neto já expôs obras semelhantes. Por sua própria definição, a obra é um casamento entre os trabalhos que exibiu na Bienal de Veneza, em 2001, e a exposição "É a Vida - O Espaço Interior", exibida no Rio em 2007.
Um dos nomes mais em evidência da arte contemporânea brasileira, Neto recebeu boa atenção da crítica. "Anthropodino" ganhou longa reportagem do "New York Times" no dia anterior à abertura, com descrições como "curvilíneo", "diáfano", "voluptuoso", "uterino".
A vivacidade do artista foi comparada no jornal à de uma "odalisca brasileira de cabelo selvagem". Ele não estava longe disso ao falar à imprensa sobre a obra, subindo e descendo do pequeno pódio com microfone, tirando o casaco e jogando-o ao chão para exemplificar os "acidentes" construtivos da obra. "Não gosto de levar as coisas muito a sério. As camadas de proteção que usamos neste mundo me assustam."


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