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Procuradoria aponta falhas em nova Lei Rouanet
Órgão vê artigos inconstitucionais no projeto
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público Federal
aponta artigos inconstitucionais no projeto da nova Lei
Rouanet, defendido pelo Ministério da Cultura.
Os procuradores consideram
que a proposta da nova Rouanet depende de "excessiva" regulamentação posterior, abrindo margem para dirigismo cultural. Também afirmam que os
crimes previstos no projeto de
lei estão descritos de forma
equivocada. Pela proposta do
Ministério da Cultura, o desvio
de recursos públicos teria pena
bem mais branda do que a de
estelionato, por exemplo, que é
um delito correlato.
Esses pontos foram levantados pelo grupo de trabalho Patrimônio Cultural, da 4ª Câmara de Coordenação e Revisão do
Ministério Público Federal,
que, no entanto, defende um
aprimoramento da lei atual. As
sugestões foram enviadas ao
MinC durante a consulta pública da nova Rouanet, encerrada
na semana passada.
Até agora, a criação da nova
Lei Rouanet levantou apoios e
críticas do setor cultural. A
Rouanet é hoje o principal mecanismo de financiamento da
cultura no país e funciona com
base na renúncia fiscal.
De acordo com a a procuradora da República Ana Cristina
Bandeira Lins, coordenadora
do grupo, o projeto de lei da nova Rouanet permite que toda a
regulamentação seja feita por
decreto ou pela CNIC (Comissão Nacional de Incentivo à
Cultura). Hoje, a comissão analisa os projetos, mas não define
qual será o percentual de renúncia fiscal, por exemplo.
Ela afirma que, se o projeto
não for alterado, a CNIC se tornará um verdadeiro órgão legislador da cultura nacional. "A
administração pública só pode
fazer o que está em lei, e a lei
tem que ter conteúdo."
Outro lado
O MinC declarou que, assim
como as outras propostas, o documento do grupo de trabalho
do Ministério Público Federal
será analisado.
Em nota, disse que algumas
mudanças, sugeridas no documento da procuradoria, serão
incorporadas. "É o caso dos critérios de análise dos projetos e
o processo de escolha dos integrantes da CNIC."
O MinC também informou
que as penas para fraudes no
uso da Lei Rouanet, previstas
no projeto, são mais duras que
as previstas na atual lei. Esse
item também será avaliado.
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