São Paulo, domingo, 15 de maio de 2011 |
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VANESSA VÊ TV VANESSA BARBARA vanessa.barbara@uol.com.br História triste APESAR DE ter sido interrompido há três anos nos Estados Unidos e estar em vias de suspensão na RedeTV!, o reality show "Dr. Hollywood" (dom., 23h30, classificação indicativa não informada) continuará no ar por aqui pelo menos até o final do mês. Trata-se de um programa capitaneado pelo cirurgião plástico Robert Rey; brasileiro radicado nos EUA, ele tem uma clínica milionária em Beverly Hills, onde atende mulheres ricas que desejam aumentar os seios, fazer lipoaspiração e incrementar o estofo das nádegas. A atração mostra cenas explícitas das cirurgias e a marcação das pelancas com caneta piloto, mas isso não é o mais chocante. Chocante é o médico protagonista, um sujeito de coloração alaranjada, branqueamento nos dentes e cabelos excessivamente viçosos, adepto de camisas cor-de-rosa e gravatas Dolce&Gabbana. Ele cobra US$ 5 mil por uma consulta de meia hora na qual diz coisas como: "O céu nasce no Leste e se põe no Oeste e é aí que a festa começa de verdade". Seus colegas andam de Porsche, usam anéis quadrados, relógios vistosos e golas rulê. Suas pacientes têm os cabelos lisos e repicados, em geral platinados, abusam das demãos de maquiagem no rosto, vestem óculos de mosca e minivestidos de tirar o fôlego (delas mesmas). O médico lhes promete resgatar a autoestima com a ajuda de duas esferas de silicone "que vão fazê-la cintilar de verdade, como um cisne". Sem sair da metáfora do patinho feio, ele afirma, brandindo o implante: "Esta bolinha será essencial para que o cisne voe". O dr. Rey se compara a personalidades como Dilma Rousseff, Barack Obama e Madre Teresa. Diz que se orgulha de ter melhorado a condição humana com seu trabalho. Entre outras coisas, assume que "médico velho não é meu amigo. Médico jovem sim. Eles querem ser como eu: se vestem como eu, usam óculos como eu. Me seguem no Twitter". Tristes não são os closes de peitorais definidos e barrigas tão retas que aparentemente exigiriam a remoção dos órgãos internos. Nem são as loiras do interior que vêm levantar os seios e fazer compras. Triste mesmo é a confissão do dr. Robert Rey, numa entrevista para um portal de notícias, em que ele admite: "Acho que a última vez que comi bolo foi em 1986". Força, dr. Rey. Texto Anterior: Canecão doa acervo de quatro décadas de história da MPB Próximo Texto: Crítica DVD: Primeiro "Orgulho e Preconceito" evoca aura do passado Índice | Comunicar Erros |
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