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Tio Dave, o repórter em quem você confia
DAVID DREW ZINGG
Em Sampa
Um leitor amigável acaba de
me escrever, dizendo: "Tio
Dave, você é o repórter em
quem eu mais confio. Você não
quer me pôr a par das últimas
notícias, as mais importantes
-aquelas que costumam cair
nas frestas do assoalho da Redação de um grande jornal como a Folha?".
Tio Dave responde: "É claro,
meu chapa. Você tirou a sorte
grande: todo dia, depois que
esse grande jornal completa o
ritual assombroso e totalmente
estressante conhecido como
'fechamento', eu, pessoalmente, varro o chão da Redação.
Cato (e guardo) as notícias
que, por falta de espaço, deixaram de ser publicadas".
Esses itens que acabam sendo descartados, mas que costumam ser de interesse vital, são
cuidadosamente arquivados
para constarem do best seller
que pretendo escrever futuramente, "As Notícias que
(Quase) Escaparam (E o Teriam Feito, Não Fosse pelos Esforços Dedicados de Tio Dave,
o Repórter em Quem Você
Adora Confiar)".
Aprendi esse hábito de recuperar as notas de rodapé da
história humana depois do horário comercial com um casalzinho de baratas que vivia na
Redação de um célebre jornal
da Gringolândia, o velho "The
New York Times".
Seus nomes eram archie e
mehitable, em caixa baixa. Foram criados por outro escritor
que é meu herói, Don Marquis.
O casal de baratas apaixonadas será tema de uma história
que pretendo contar em outra
coluna.
Eis, então, algumas vinhetas
escolhidas a esmo e que você
não teria tido a oportunidade
de acompanhar, não fosse pelos esforços dedicados do REQVAC.
* EUA: A revista "Fortune"
comenta a visão de longo alcance demonstrada pela empresa Proctor & Gamble, ao registrar nomes para batizar potenciais endereços exclusivos
da empresa na Internet. A
P&G garantiu o direito de
usar, entre outros nomes: toiletpaper com (papelhigiênico.com), pimples.com (espinhas.com), germs.com (micróbios.com), bacteria.com, dandruff.com (caspa.com), underarm.com (axila.com), badbreath.com (mauhálito.com) e
diarrhea.com.
* Austrália: A agência de notícias Associated Press informa
que os deputados australianos
têm por hábito dirigir-se uns
aos outros usando epítetos
muito mais agressivos do que
os empregados pelos congressistas brasileiros.
Entre os termos carinhosos
ouvidos recentemente no Congresso do país, figuravam: asqueroso, saco de imundície, gigolô perfumadinho, doente
mental de cérebro prejudicado, prostituto e vômito de cachorro.
* EUA: Uma companhia de
processamento de alimentos, a
Butterball, reportou o mais
dramático incidente de Dia de
Ação de Graças envolvendo
um produto da empresa. A linha de atendimento de emergências da Butterball recebeu
uma ligação de uma mulher
informando que seu cãozinho
de estimação pulou dentro da
cavidade abdominal do peru
de almoço da família e não
conseguiu mais sair.
* ONU: Uma foto publicada
na nova revista "Oneworld"
mostra os seios da modelo européia Julienne ocultos por
barras pretas, enquanto, em
outra, a modelo asiática Zhing
aparece de topless, sem barras
pretas. Um porta-voz da organização explicou que os seios
de Zhing foram considerados
pequenos demais para ofender
a moral e os bons costumes.
* Austrália: Robert Minahan
é um "chef" especializado no
preparo de crocodilos, no Parque Nacional Kakadu. Enquanto nadava no Barramundi George, foi atacado por um
crocodilo de dois metros de
comprimento. Disse Minahan,
demonstrando possuir postura
filosófica: "É uma sensação
estranha saber que se está na
outra extremidade da cadeia
alimentar".
* EUA: A Filadélfia é uma cidade que a maioria de seus habitantes quer deixar. É famosa
pelo epitáfio composto pelo comediante W.C. Fields para seu
próprio túmulo: "Pensando
bem, eu preferiria estar na Filadélfia".
O ex-chefe de polícia e prefeito da cidade, Frank Rizzo, recentemente defendeu sua cidade com rasgos de eloquência:
"As ruas da Filadélfia são seguras", disse ele, lealmente.
"São as pessoas que as tornam
perigosas."
Barbie - Últimas Notícias
Uma das notícias sociológicas mais significativas deste final de milênio é a saga ainda
incompleta de Barb, a boneca.
Barb é um dos ícones deste
nosso século plástico.
Barb parece ser a metáfora
de todos nós, brancos e negros,
que estamos sendo transformados em bonecos e bonecas
humanóides plásticos pelo mágico regime capitalista no qual
vivemos.
A questão não demora a se
colocar: quem é mais vazio
-Barbie, tu ou eu. Uma comparação séria traçada entre
qualquer um de nós e a boneca
Barbie revela falhas graves no
lado dos humanos.
Uma das notícias perdidas
que resgatei do chão da Folha
dá o que pensar seriamente:
* New Haven, Connecticut:
Um cientista da Universidade
Yale, escrevendo no "International Jornal of Eating Disorders" (Jornal Internacional de
Problemas Alimentares), diz
que uma Barbie em carne e osso, cujas medidas fossem baseadas na escala da boneca, teria 2,10 m de altura, com uma
cintura 15 cm menor do que a
de uma mulher normal.
Para inalar uma dose realmente poderosa de inferioridade, Joãozinho, reflita um
pouco sobre o fato de que, para
equiparar-se às medidas de
Ken, o homem médio teria que
elevar-se a 2,30 m de altura
-e acrescentar outros 17,5 cm
a seus músculos peitorais.
Lembre-se disso...
Enquanto você engole hormônios de crescimento aos punhados, na corajosa tentativa
de equiparar-se ao layout físico avantajado de Barbie e Ken,
divirta-se lendo algumas reflexões escolhidas entre os dizeres
de alguns dos mais eminentes
pensadores mundiais.
* "Não temos censura. O que
temos são restrições ao que os
jornais podem publicar."
(Louis Nel, ex-vice ministro da
Informação da África do Sul)
* "Dou meu apoio aos esforços feitos no sentido de limitar
os mandatos dos congressistas,
especialmente o dos deputados
e senadores." (Dan Quayle,
ex-vice presidente norte-americano)
* "Um contrato verbal não
vale o papel no qual está escrito." (Samuel Goldwyn, magnata de Hollywood)
* "Eu não estava mentindo.
Apenas disse coisas que, mais
tarde, pareceram ser inverdades." (Richard Nixon, falando
sobre Watergate)
* "Os perigos inesperados
são uma das principais causas
de acidentes." (Livreto da Administração de Saúde e Segurança dos EUA)
Tradução Clara Allain
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