São Paulo, Sábado, 15 de Maio de 1999
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Rock'n'Rushdie


É lançado no Brasil, na próxima semana, "O Chão Que Ela Pisa", livro em que Salman Rushdie mergulha no universo pop e traz à tona o mito de Orfeu


CASSIANO ELEK MACHADO
da Reportagem Local

11 de agosto de 1993. Um indiano de 46 anos, com a pálpebra esquerda mais caída do que a direita, assiste ao show do U2 no estádio de Wembley, em Londres. Em um intervalo entre músicas, Bono Vox, o vocalista do grupo, olha para a multidão e saúda esse homem. Ele se chama Salman Rushdie, e protagonizava sua primeira aparição pública desde fevereiro de 1989.
Nesse mês, o líder espiritual do Irã, aiatolá Khomeini, editava uma sentença de morte ("fatwa") contra Rushdie por considerar seu romance "Os Versos Satânicos" ofensivo ao Islã. Khomeini morreu, a "fatwa" deixou de valer para o governo iraniano, mas o escritor continua escondido, esquivo a grupos radicais que ainda pagam até US$ 3 milhões pela sua cabeça.
Mas, do mesmo modo como naquela noite de agosto de 93, o escritor está de volta aos grandes públicos. E novamente ele está ao som do rock'n'roll. Rushdie lançou no mês passado nos EUA o romance "O Chão Que Ela Pisa", que a Companhia das Letras põe nas livrarias brasileiras na próxima semana.
Nas 575 páginas do livro, Rushdie descreve a triangulação entre um fotógrafo e um casal de roqueiros indianos populares. Enrolado na trama como uma serpente, está o mito de Orfeu, aquele que mergulha no inferno para resgatar sua musa Eurídice, que morre ao ser picada por uma cobra.
Nesta edição, a Ilustrada publica com exclusividade trechos da tradução brasileira de "O Chão Que Ela Pisa".
Em tempo: o U2 grava em seu próximo álbum a canção "O Chão Que Ela Pisa", com letra escrita por um homem de pálpebra caída que esteve no estádio de Wembley em 11 de agosto de 1993.


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