São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 2006

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Crítica/"Vem Dançar"

Filme jovem com Banderas tropeça em dramaturgia rala

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Vem Dançar", novo filme estrelado por Antonio Banderas, serve de bom termômetro para avaliar como Hollywood vê a cultura jovem. Na direção, Liz Friedlander, uma diretora experiente em videoclipes. Como protagonista, Banderas, que guarda certo carisma no meio cinematográfico, apesar de ter participado recentemente de bobagens. Depois, junta-se uma série de atores emergentes de TV e papéis pequenos no cinema, como Rob Brown (de "Encontrando Forrester", título menor do ótimo Gus van Sant). Tal mescla começa promissora. A cineasta parece próxima do universo retratado, o de um problemático grupo de estudantes secundários, visto como párias de uma escola pública de um bairro barra-pesada de Nova York. O professor de danças de salão Pierre Dulaine (Banderas), por acaso, conhece um deles (Brown) e, sem muitas explicações, quer ajudá-lo. Vai à direção da escola e se oferece como mestre de tais danças. Transcorre, assim, a melhor parte do filme, quando há um estranhamento mútuo no encontro do universo algo cordial das valsas e foxtrotes e do árido cotidiano de jovens mais interessados na linguagem direta do hip hop. Surge um diálogo antes improvável -os jovens só começam a se interessar pelas aulas quando subvertem tais danças com o ritmo do rap. No entanto, como Hollywood insiste em "arredondar" histórias, a parte final cai em uma dramaturgia rala -o conflito entre ricos e pobres, romances que explodem e por aí vai. É como se a indústria do cinema evitasse, em títulos que podem render boa bilheteria, questionamentos mais amargos sobre identidade e outros temas caros aos jovens.


VEM DANÇAR
  
Direção: Liz Friedlander
Com: Antonio Banderas, Rob Brown, Yaya DaCosta
Quando: a partir de hoje nos cines Villa-Lobos, Bristol e circuito



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