São Paulo, segunda-feira, 15 de junho de 2009

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Grupo russo ri de drama doméstico

Referência mundial no teatro de clown, Teatr Licedei é principal atração internacional do Festival de Londrina

LUCAS NEVES
ENVIADO ESPECIAL A LONDRINA

Numa casa simplória, a mãe de quatro filhos aguarda a chegada do quinto e sofre com as contrações. O pai divide suas atenções entre a família e a vodca, as responsabilidades da vida adulta e os impulsos de evasão -alguns concretizados. As crianças, hiperativas, não poupam crueldade nas traquinagens: engendram armadilhas quase fatais para o pai.
Na peça "Semianyki" (família, em russo), principal atração internacional do 41º Festival de Londrina, a companhia Teatr Licedei ri desse drama doméstico. Criada em 1968 em Leningrado (hoje São Petersburgo), a trupe é referência mundial no teatro de clown.
Aqui, serve-se de todo o seu repertório de pantomima para contar, em uma série de vinhetas sem palavras, a rotina de um clã em que tudo é exagerado: o amor da mãe, as dúvidas do pai e a energia das crianças.
A hipérbole chega à caracterização dos personagens. Cabelos eriçados e maquiagem pesada lembram tipos expressionistas dos filmes de Tim Burton.
Mas esqueça o ensimesmamento das figuras burtonianas: no espetáculo russo, a turma resolve seus quiproquós e mágoas ao ritmo do mambo (a mãe é fã) e à base de fartas doses de interação com a plateia -aqui em Londrina, bem desinibida.
Um espectador atende um telefonema aguardado com ansiedade pela mãe da ficção; outros três dão uma força ao filho maestro em seu concerto insólito. E sobra para todo mundo na guerra de travesseiros da criançada.
O Licedei encerra sua turnê brasileira nos próximos dias 19, 20 e 21, na Mostra Internacional de Teatro de Brasília.
Na contramão do histrionismo de "Semianyki" está "Tropeço". Sobre uma mesa, as mãos e murmúrios de dois atores fazem surgir, com precisão espantosa, duas senhoras de idade, suas personalidades e idiossincrasias. Com leves alterações no grau de fechamento do punho (que fica parecendo um rosto humano), eles dão às personagens ampla gama de expressões.
A companhia curitibana Tato Criação Cênica leva o espetáculo a São Paulo entre 26 e 30/6, na Biblioteca Monteiro Lobato, na Vila Buarque.


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