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Grupo russo ri de drama doméstico
Referência mundial no teatro de clown, Teatr Licedei é principal atração internacional do Festival de Londrina
LUCAS NEVES
ENVIADO ESPECIAL A LONDRINA
Numa casa simplória, a mãe
de quatro filhos aguarda a chegada do quinto e sofre com as
contrações. O pai divide suas
atenções entre a família e a
vodca, as responsabilidades da
vida adulta e os impulsos de
evasão -alguns concretizados.
As crianças, hiperativas, não
poupam crueldade nas traquinagens: engendram armadilhas
quase fatais para o pai.
Na peça "Semianyki" (família, em russo), principal atração
internacional do 41º Festival de
Londrina, a companhia Teatr
Licedei ri desse drama doméstico. Criada em 1968 em Leningrado (hoje São Petersburgo), a
trupe é referência mundial no
teatro de clown.
Aqui, serve-se de todo o seu
repertório de pantomima para
contar, em uma série de vinhetas sem palavras, a rotina de um
clã em que tudo é exagerado: o
amor da mãe, as dúvidas do pai
e a energia das crianças.
A hipérbole chega à caracterização dos personagens. Cabelos eriçados e maquiagem pesada lembram tipos expressionistas dos filmes de Tim Burton.
Mas esqueça o ensimesmamento das figuras burtonianas:
no espetáculo russo, a turma
resolve seus quiproquós e mágoas ao ritmo do mambo (a mãe
é fã) e à base de fartas doses de
interação com a plateia -aqui
em Londrina, bem desinibida.
Um espectador atende um
telefonema aguardado com ansiedade pela mãe da ficção; outros três dão uma força ao filho
maestro em seu concerto insólito. E sobra para todo mundo
na guerra de travesseiros da
criançada.
O Licedei encerra sua turnê
brasileira nos próximos dias 19,
20 e 21, na Mostra Internacional de Teatro de Brasília.
Na contramão do histrionismo de "Semianyki" está "Tropeço". Sobre uma mesa, as
mãos e murmúrios de dois atores fazem surgir, com precisão
espantosa, duas senhoras de
idade, suas personalidades e
idiossincrasias. Com leves alterações no grau de fechamento
do punho (que fica parecendo
um rosto humano), eles dão às
personagens ampla gama de
expressões.
A companhia curitibana Tato
Criação Cênica leva o espetáculo a São Paulo entre 26 e 30/6,
na Biblioteca Monteiro Lobato,
na Vila Buarque.
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