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POPLOAD
Mozart é pop
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
A bela Praga, capital da República Tcheca, de onde
acontece de esta coluna ser escrita, está livre dos anos 80, aparentemente.
O negócio aqui é anos 90. O problema é saber se isso é um revival
ou se os tchecos ainda não conseguiram chegar à música pop tal
qual conhecemos hoje.
A única rádio rock de música
"contemporânea" que sintonizei
por algumas horas tocou Alice in
Chains, Mudhoney, Pearl Jam,
REM, Sonic Youth, Oasis e Blur.
De vez em quando a programação
ficava "estranha" e ouviam-se
coisas deslocadas do tempo como
Franz Ferdinand e Killers.
Achei que podia ser coincidência e tal. Não dá para flagrar uma
cena estrangeira com apenas algumas horas de observação, pensei. Aí, num dos cantos da cidade
passei por um bar chamado Nirvana, com uma foto gigante de
Kurt Cobain na fachada. Hum.
Numa das livrarias mais moderninhas da cidade, na parte de
mais vendidos, repousava um
exemplar do gigante "Kurt Cobain Journals", o diário do líder-mártir do Nirvana. Hum.
* Em Praga, deu para notar ainda que uma coisa forte na cidade
são as bandas "revival". Nada
mais do que as nossas famosas
"bandas cover". Com uma diferença. No último sábado, por
exemplo, teve show da banda
Black Sabbath Revival. Com ninguém menos que mister Ozzy Osbourne nos vocais, como "convidado". Ainda nesta semana, teve
Nirvana Revival (lógico) e Janis
Joplin Revival, cujos vocalistas
originais obviamente não puderam estar presentes.
* Sorte de turista acidental, encontrei em Praga o show do maravilhoso Underworld, entidade
britânica que ajudou muito na
popularização da música eletrônica em meados dos anos 90. A
apresentação foi num terreno feio
de um bairro da periferia de Praga, onde, no alto, passavam trens
barulhentos de subúrbio. Foi impressionante o show como um todo e a catarse esperada na hora de
"Born Slippy", música que insiste
em resistir ao tempo. "Born
Slippy" começou uns 15 minutos
antes de seu toque mais característico aparecer. No meio da música, um detalhe. Por alguns minutos, "Born Slippy" foi levada
apenas por um piano. Luxo.
* Tal qual qualquer moderna cidade grande do mundo, Praga
tem sua noite movimentada por
causa da entrega de flyers. O único problema (?), talvez, é que 90%
dos flyers locais passam longe de
informar sobre os shows de rock
ou as baladas eletrônicas locais.
Os flyers contemplam, em sua esmagadora maioria, a programação de... música clássica. Praticamente todos os dias a Praga musical balança ao som de Bach, Vivaldi, Mozart, Tchaikovsky e outros
"astros pop".
* Morrissey, o bruxo. Na coletânea "Louder Than Bombs"
(bombs!!!), dos Smiths, a faixa sete é a música "Panic", que alastra
o "Pânico nas ruas de Londres". O
atentado que balançou a capital
inglesa aconteceu no dia 7/7/2005
(2+0+0+5=7). Lembra que o
Morrissey já entregou em letras o
desastre que matou a princesa
Diana? Tudo sobre a tragédia que
vitimou a moça já estava na capa
do "The Queen Is Dead" e na música "There Is a Light That Never
Goes Out". Mas isso é assunto velho...
* Sobre o show do Weezer no
Curitiba Rock Festival, em setembro, quem tem esperança de ver a
banda em outra cidade do Brasil
pode desencanar. Para ver o grupo do nerd Rivers Cuomo em turnê latino-americana, se não for
em Curitiba, só no México.
@ - lucio@uol.com.br
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