São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 2005

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POPLOAD

Mozart é pop

LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

A bela Praga, capital da República Tcheca, de onde acontece de esta coluna ser escrita, está livre dos anos 80, aparentemente.
O negócio aqui é anos 90. O problema é saber se isso é um revival ou se os tchecos ainda não conseguiram chegar à música pop tal qual conhecemos hoje.
A única rádio rock de música "contemporânea" que sintonizei por algumas horas tocou Alice in Chains, Mudhoney, Pearl Jam, REM, Sonic Youth, Oasis e Blur. De vez em quando a programação ficava "estranha" e ouviam-se coisas deslocadas do tempo como Franz Ferdinand e Killers.
Achei que podia ser coincidência e tal. Não dá para flagrar uma cena estrangeira com apenas algumas horas de observação, pensei. Aí, num dos cantos da cidade passei por um bar chamado Nirvana, com uma foto gigante de Kurt Cobain na fachada. Hum.
Numa das livrarias mais moderninhas da cidade, na parte de mais vendidos, repousava um exemplar do gigante "Kurt Cobain Journals", o diário do líder-mártir do Nirvana. Hum.
* Em Praga, deu para notar ainda que uma coisa forte na cidade são as bandas "revival". Nada mais do que as nossas famosas "bandas cover". Com uma diferença. No último sábado, por exemplo, teve show da banda Black Sabbath Revival. Com ninguém menos que mister Ozzy Osbourne nos vocais, como "convidado". Ainda nesta semana, teve Nirvana Revival (lógico) e Janis Joplin Revival, cujos vocalistas originais obviamente não puderam estar presentes.
* Sorte de turista acidental, encontrei em Praga o show do maravilhoso Underworld, entidade britânica que ajudou muito na popularização da música eletrônica em meados dos anos 90. A apresentação foi num terreno feio de um bairro da periferia de Praga, onde, no alto, passavam trens barulhentos de subúrbio. Foi impressionante o show como um todo e a catarse esperada na hora de "Born Slippy", música que insiste em resistir ao tempo. "Born Slippy" começou uns 15 minutos antes de seu toque mais característico aparecer. No meio da música, um detalhe. Por alguns minutos, "Born Slippy" foi levada apenas por um piano. Luxo.
* Tal qual qualquer moderna cidade grande do mundo, Praga tem sua noite movimentada por causa da entrega de flyers. O único problema (?), talvez, é que 90% dos flyers locais passam longe de informar sobre os shows de rock ou as baladas eletrônicas locais. Os flyers contemplam, em sua esmagadora maioria, a programação de... música clássica. Praticamente todos os dias a Praga musical balança ao som de Bach, Vivaldi, Mozart, Tchaikovsky e outros "astros pop".
* Morrissey, o bruxo. Na coletânea "Louder Than Bombs" (bombs!!!), dos Smiths, a faixa sete é a música "Panic", que alastra o "Pânico nas ruas de Londres". O atentado que balançou a capital inglesa aconteceu no dia 7/7/2005 (2+0+0+5=7). Lembra que o Morrissey já entregou em letras o desastre que matou a princesa Diana? Tudo sobre a tragédia que vitimou a moça já estava na capa do "The Queen Is Dead" e na música "There Is a Light That Never Goes Out". Mas isso é assunto velho...
* Sobre o show do Weezer no Curitiba Rock Festival, em setembro, quem tem esperança de ver a banda em outra cidade do Brasil pode desencanar. Para ver o grupo do nerd Rivers Cuomo em turnê latino-americana, se não for em Curitiba, só no México.


@ - lucio@uol.com.br

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