São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 2005

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TEATRO

Grupo Gran Reyneta apresenta remontagem de "Roman Photo" na abertura do festival internacional no interior de SP

Chilenos levam fotonovela às ruas de Rio Preto

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Um bebê que dormia havia 15 anos e precisava ser despertado com muito carinho e cuidado. É a metáfora que a companhia chilena Gran Reyneta encontrou para trazer novamente à luz o espetáculo "Roman Photo", montado em 1985 pela companhia francesa de teatro de rua Royal de Luxe (criada em 1979, passou por São Paulo no início dos anos 90).
"E, para despertá-lo, seu pai [o diretor Jean-Luc Courcoult] buscou e elegeu cuidadosamente aqueles que haveriam de injetar sangue novo, alimentá-lo, mimá-lo: 14 jovens chilenos, entre atores, palhaços, bailarinos, acrobatas, músicos e técnicos", diz a produtora Evelyn Campbell Derderian, da Gran Reyneta, este o nome de uma espécie de peixe popular no país que fica "junto à orelha do Pacífico".
Aventura ao ar livre sobre a gravação de uma fotonovela, a remontagem de "Roman Photo" estreou no Chile em janeiro passado e abre hoje à noite o Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (a 451 km de São Paulo).
A área da Represa Municipal será tomada por "trabalhadores da ficção", como diz Derderian, personagens empenhados na criação da fotonovela "Perfume Amnésico". "A idéia é que os espectadores, aos poucos, sintam-se observando um episódio em tempo real na vida desses personagens."
"A encenação funciona como se fosse uma sinfonia. Os demais elementos, como efeitos especiais, servem ao ritmo geral, ajudam a captar a atenção do público em momentos estratégicos", diz Derderian.
""Roman Photo" é um espetáculo popular, mistura a idéia ultrapop de uma fotonovela com teatro, um grupo latino americano e um diretor francês", afirma o produtor Ricardo Muniz Fernandes, da curadoria do festival.
Com 43 atrações e orçamento de R$ 1,3 milhão, esta é a 5ª edição do FIT Rio Preto. A cidade abriga seu festival desde o final dos anos 60. Dava ênfase à produção universitária. A perspectiva internacional surgiu nos anos 2000, parceria da prefeitura com o Sesc.
Além dos chilenos da Gran Reyneta, a nova edição traz a Cia. Laboratório de Pontedera, da Itália, com "O Zurro do Asno", uma encenação de Roberto Bacci baseada na obra do russo Dostoiévski "O Idiota"; e a Cia. Houdart-Heuclin, da França, mais uma atração de rua no evento, projeto de inclusão com reeducandos do Instituto Penal Agrícola, que vão espalhar os "padox" pela cidade, mascarados seres alienígenas, bonecos-humanos que transformarão o espaço por meio do jogo teatral.
Como acontece a cada edição, esta também elege um tema: "Olho do Furacão", focado principalmente em seis finais de noite voltados para experimentos cênicos e afins. "Vivemos um turbilhão de informações no mundo de hoje, um furacão passa à nossa volta a cada minuto. O pensamento deste festival é abrir um espaço entre esses giros e possibilitar um centro de reflexão", diz o coordenador-geral do FIT Rio Preto, Jorge Vermelho.
Fernandes também mora na filosofia: "O tema é uma armadilha. Arapuca jogada no terreiro do teatro e interpretada por todos como uma programação voltada para o novo e o revolucionário, para novos caminhos do teatro e suas tantas conexões".
No segmento nacional, destaca-se a Armazém Cia. de Teatro, sediada no Rio de Janeiro, que ocupa uma antiga fábrica da cidade com parte de seu repertório: "Alice Através do Espelho", "Pessoas Invisíveis" e "A Caminho de Casa", todos encenados por Paulo de Moraes.
Antunes Filho leva seu espetáculo de teatro-dança "Foi Carmen Miranda", com atores do Centro de Pesquisa Teatral (CPT) e participação da dançarina Emilie Sugai, montagem apresentada em Curitiba e no Japão, inédita em São Paulo.


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