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TEATRO
Grupo Gran Reyneta apresenta remontagem de "Roman Photo" na abertura do festival internacional no interior de SP
Chilenos levam fotonovela às ruas de Rio Preto
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Um bebê que dormia havia 15
anos e precisava ser despertado
com muito carinho e cuidado. É a
metáfora que a companhia chilena Gran Reyneta encontrou para
trazer novamente à luz o espetáculo "Roman Photo", montado
em 1985 pela companhia francesa
de teatro de rua Royal de Luxe
(criada em 1979, passou por São
Paulo no início dos anos 90).
"E, para despertá-lo, seu pai [o
diretor Jean-Luc Courcoult] buscou e elegeu cuidadosamente
aqueles que haveriam de injetar
sangue novo, alimentá-lo, mimá-lo: 14 jovens chilenos, entre atores, palhaços, bailarinos, acrobatas, músicos e técnicos", diz a produtora Evelyn Campbell Derderian, da Gran Reyneta, este o nome de uma espécie de peixe popular no país que fica "junto à orelha
do Pacífico".
Aventura ao ar livre sobre a gravação de uma fotonovela, a remontagem de "Roman Photo" estreou no Chile em janeiro passado
e abre hoje à noite o Festival Internacional de Teatro de São José do
Rio Preto (a 451 km de São Paulo).
A área da Represa Municipal será tomada por "trabalhadores da
ficção", como diz Derderian, personagens empenhados na criação
da fotonovela "Perfume Amnésico". "A idéia é que os espectadores, aos poucos, sintam-se observando um episódio em tempo
real na vida desses personagens."
"A encenação funciona como se
fosse uma sinfonia. Os demais
elementos, como efeitos especiais,
servem ao ritmo geral, ajudam a
captar a atenção do público em
momentos estratégicos", diz Derderian.
""Roman Photo" é um espetáculo popular, mistura a idéia ultrapop de uma fotonovela com teatro, um grupo latino americano e
um diretor francês", afirma o produtor Ricardo Muniz Fernandes,
da curadoria do festival.
Com 43 atrações e orçamento
de R$ 1,3 milhão, esta é a 5ª edição
do FIT Rio Preto. A cidade abriga
seu festival desde o final dos anos
60. Dava ênfase à produção universitária. A perspectiva internacional surgiu nos anos 2000, parceria da prefeitura com o Sesc.
Além dos chilenos da Gran Reyneta, a nova edição traz a Cia. Laboratório de Pontedera, da Itália,
com "O Zurro do Asno", uma encenação de Roberto Bacci baseada na obra do russo Dostoiévski
"O Idiota"; e a Cia. Houdart-Heuclin, da França, mais uma atração
de rua no evento, projeto de inclusão com reeducandos do Instituto
Penal Agrícola, que vão espalhar
os "padox" pela cidade, mascarados seres alienígenas, bonecos-humanos que transformarão o espaço por meio do jogo teatral.
Como acontece a cada edição,
esta também elege um tema:
"Olho do Furacão", focado principalmente em seis finais de noite
voltados para experimentos cênicos e afins. "Vivemos um turbilhão de informações no mundo
de hoje, um furacão passa à nossa
volta a cada minuto. O pensamento deste festival é abrir um espaço entre esses giros e possibilitar um centro de reflexão", diz o
coordenador-geral do FIT Rio
Preto, Jorge Vermelho.
Fernandes também mora na filosofia: "O tema é uma armadilha.
Arapuca jogada no terreiro do
teatro e interpretada por todos
como uma programação voltada
para o novo e o revolucionário,
para novos caminhos do teatro e
suas tantas conexões".
No segmento nacional, destaca-se a Armazém Cia. de Teatro, sediada no Rio de Janeiro, que ocupa uma antiga fábrica da cidade
com parte de seu repertório: "Alice Através do Espelho", "Pessoas
Invisíveis" e "A Caminho de Casa", todos encenados por Paulo de
Moraes.
Antunes Filho leva seu espetáculo de teatro-dança "Foi Carmen
Miranda", com atores do Centro
de Pesquisa Teatral (CPT) e participação da dançarina Emilie Sugai, montagem apresentada em
Curitiba e no Japão, inédita em
São Paulo.
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