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CINEMA
Programa faz análise fast-food de Hitchcock
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A lógica aplicada a Deus, que
proíbe dizer seu nome em vão,
deveria também ser aplicada a
nomes como o de Alfred Hitchcock. Apreciado por críticos do
quilate de um François Truffaut
(nos tempos da Cahiers du Cinéma) e Ismail Xavier, que, aliás,
tem seu ótimo curso sobre o cineasta volta e meia exibido na TV
Cultura, ele também cai na admiração dos depreciadores do cinema clássico.
Daí que o programa "Sala de Cinema" deveria fugir do lugar-comum para falar sobre o famoso
"mestre do suspense". Hitchcock
foi dos mais ecléticos diretores da
história. Sua assinatura ficou mais
saliente quando se mudou da Inglaterra para os EUA, onde trabalharia a partir de 1940 sob o regime de estúdios de Hollywood.
Mesmo lá, curvando-se volta e
meia para alguma exigência de
produtor, conseguiu manter sua
autoria, da mise-en-scène e dos
enquadramentos inusitados aos
temas, violentos e eróticos. Isso
está reunido, dentre tantos filmes,
em "Janela Indiscreta", "Vertigo",
"Psicose" e "Os Pássaros". O sentimento de culpa, outra questão
veiculada em sua obra, está nesses
e, sobretudo, no esplêndido "O
Homem Errado" (1955).
Todos esses filmes não serão
tratados pelo programa, que nesta primeira parte da revisão da
obra do artista trata apenas e num
único bloco, em análise factual e
superficial, de "Rebecca" e "Correspondente Estrangeiro", ambos
de 1940. O comentarista José Tavares de Barros ficará atido à fase
americana entre 1940 e 1947. E a
fase inglesa, sem a qual Selznick
jamais teria convidado Hitch a se
mudar para a América? E seus filmes posteriores?
A tentativa da "Sala de Cinema"
acaba servindo para darmos conta de que analisar de fato uma
obra como a de Hitchcock não é
tarefa simples, e requer, no mínimo, algumas tantas visitas a seus
filmes, teorias e universidade.
Sala de Cinema - Alfred Hitchcock
Quando: hoje, às 23h30, na Rede SescSenac
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