São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 2005

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CINEMA

Programa faz análise fast-food de Hitchcock

PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A lógica aplicada a Deus, que proíbe dizer seu nome em vão, deveria também ser aplicada a nomes como o de Alfred Hitchcock. Apreciado por críticos do quilate de um François Truffaut (nos tempos da Cahiers du Cinéma) e Ismail Xavier, que, aliás, tem seu ótimo curso sobre o cineasta volta e meia exibido na TV Cultura, ele também cai na admiração dos depreciadores do cinema clássico.
Daí que o programa "Sala de Cinema" deveria fugir do lugar-comum para falar sobre o famoso "mestre do suspense". Hitchcock foi dos mais ecléticos diretores da história. Sua assinatura ficou mais saliente quando se mudou da Inglaterra para os EUA, onde trabalharia a partir de 1940 sob o regime de estúdios de Hollywood. Mesmo lá, curvando-se volta e meia para alguma exigência de produtor, conseguiu manter sua autoria, da mise-en-scène e dos enquadramentos inusitados aos temas, violentos e eróticos. Isso está reunido, dentre tantos filmes, em "Janela Indiscreta", "Vertigo", "Psicose" e "Os Pássaros". O sentimento de culpa, outra questão veiculada em sua obra, está nesses e, sobretudo, no esplêndido "O Homem Errado" (1955).
Todos esses filmes não serão tratados pelo programa, que nesta primeira parte da revisão da obra do artista trata apenas e num único bloco, em análise factual e superficial, de "Rebecca" e "Correspondente Estrangeiro", ambos de 1940. O comentarista José Tavares de Barros ficará atido à fase americana entre 1940 e 1947. E a fase inglesa, sem a qual Selznick jamais teria convidado Hitch a se mudar para a América? E seus filmes posteriores?
A tentativa da "Sala de Cinema" acaba servindo para darmos conta de que analisar de fato uma obra como a de Hitchcock não é tarefa simples, e requer, no mínimo, algumas tantas visitas a seus filmes, teorias e universidade.


Sala de Cinema - Alfred Hitchcock
Quando:
hoje, às 23h30, na Rede SescSenac


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