|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COMIDA
Doce senhora
Doce de marshmallow coberto com chocolate, a nhá benta completa 60 anos; confira detalhes de sua história e conheça como são feitas outras guloseimas artesanais que também se valem dessa combinação
LUIZA FECAROTTA
DE SÃO PAULO
Em 1950, um austríaco encarregado pelas montagens
de marzipã que enfeitavam
as vitrines da Kopenhagen
criou a nhá benta. O doce de
marshmallow coberto por
chocolate comemora o 60o
aniversário neste ano.
Desde então, a guloseima
não teve a base de sua receita
original modificada, segundo Orlando Glingani, gerente
de inovações da marca.
O marshmallow processado em batedeiras gigantes,
com clara de ovo desidratada, glicose de milho e "aroma idêntico ao natural de
baunilha", como diz a embalagem, é coberto por um
blend próprio, que combina
chocolate brasileiro e da Costa do Marfim.
Dois anos após ser lançado, teve uma fina placa de
waffle incorporada à sua base para melhor sustentar o
marshmallow e evitar o desperdício registrado até então.
Essa base, no entanto, não
foi fabricada para esse fim.
Naquela época, a empresa
cogitou criar hóstias para a
igreja. O negócio não deslanchou e o produto foi aproveitado na receita da nhá benta.
Resultado de um processo
industrial com etapas automatizadas, no qual o marshmallow caminha lentamente
por uma esteira, atravessa
cortinas de chocolate e, na
sequência, um túnel de resfriamento, também requer
mão de obra artesanal.
Duas mocinhas retocam os
doces cuidadosamente depois de cobertos com chocolate e, no final, uma equipe
afiada embala os doces um a
um em papel-manteiga, como um origami que, na hora
do consumo, faz as vezes de
um guardanapo.
ARTESANAL
Distantes da escala industrial, na qual aparecem produtos similares como o Dan
Top e a Dinda (do Brasil Cacau), do mesmo grupo da Kopenhagen, há produções
mais artesanais.
Na Leo Dolci, o quitute está há mais de 20 anos nas vitrines. Ali, no entanto, dispensa produtos como clara
de ovo em pó, substituída por
claras frescas batidas até ficarem firmes, quando é incorporada uma calda de
água e açúcar.
Na sequência, o marsh-
mallow -já sustentado por
uma base de pão de ló -é coberto por calda de chocolate
e levado à geladeira para secar. Pode ser conservado por
apenas 15 dias -45 dias a
menos do que a nhá benta.
Na Só Doces, o confeiteiro
Flávio Federico inspirou-se
no "nosso antigo [chocolate]
Lolo" para fazer uma pirâmide de chocolate meio-amargo de blend próprio, que
equilibra matéria-prima brasileira, mais ácida, e belga,
mais adocicada.
Para rechear, "caramelo
num ponto quase queimado"
e o marshmallow clássico,
também conhecido como
merengue italiano. "O verdadeiro é à base de clara de ovo
e açúcar [na proporção de
dois para um]", diz Federico,
que chama a atenção para
detalhes do preparo.
Primeiro, deixe as claras
descansarem na geladeira
por três dias para que elas alcancem seu volume máximo
quando batidas. Segundo,
evite qualquer vestígio de
gordura nos utensílios.
"Clara bem batida demora
entre 12 e 15 minutos", indica. Somente depois de a clara
ficar firme, deve ser incorporada a calda de açúcar, sem
parar de bater a mistura.
Para a calda, deve-se usar
uma proporção de três partes
de açúcar para uma de água.
"Se colocar muita água, gasta-se muito tempo para ferver. Se colocar pouca, antes
de o açúcar dissolver, ele carameliza", explica Federico,
que também frisa a necessidade de usar o marshmallow
logo após o preparo.
Texto Anterior: FOLHA.com Próximo Texto: Onde encontrar Índice
|