São Paulo, quinta-feira, 15 de julho de 2010

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COMIDA

Doce senhora

Doce de marshmallow coberto com chocolate, a nhá benta completa 60 anos; confira detalhes de sua história e conheça como são feitas outras guloseimas artesanais que também se valem dessa combinação

LUIZA FECAROTTA
DE SÃO PAULO

Em 1950, um austríaco encarregado pelas montagens de marzipã que enfeitavam as vitrines da Kopenhagen criou a nhá benta. O doce de marshmallow coberto por chocolate comemora o 60o aniversário neste ano.
Desde então, a guloseima não teve a base de sua receita original modificada, segundo Orlando Glingani, gerente de inovações da marca.
O marshmallow processado em batedeiras gigantes, com clara de ovo desidratada, glicose de milho e "aroma idêntico ao natural de baunilha", como diz a embalagem, é coberto por um blend próprio, que combina chocolate brasileiro e da Costa do Marfim.
Dois anos após ser lançado, teve uma fina placa de waffle incorporada à sua base para melhor sustentar o marshmallow e evitar o desperdício registrado até então.
Essa base, no entanto, não foi fabricada para esse fim. Naquela época, a empresa cogitou criar hóstias para a igreja. O negócio não deslanchou e o produto foi aproveitado na receita da nhá benta.
Resultado de um processo industrial com etapas automatizadas, no qual o marshmallow caminha lentamente por uma esteira, atravessa cortinas de chocolate e, na sequência, um túnel de resfriamento, também requer mão de obra artesanal.
Duas mocinhas retocam os doces cuidadosamente depois de cobertos com chocolate e, no final, uma equipe afiada embala os doces um a um em papel-manteiga, como um origami que, na hora do consumo, faz as vezes de um guardanapo.

ARTESANAL
Distantes da escala industrial, na qual aparecem produtos similares como o Dan Top e a Dinda (do Brasil Cacau), do mesmo grupo da Kopenhagen, há produções mais artesanais.
Na Leo Dolci, o quitute está há mais de 20 anos nas vitrines. Ali, no entanto, dispensa produtos como clara de ovo em pó, substituída por claras frescas batidas até ficarem firmes, quando é incorporada uma calda de água e açúcar.
Na sequência, o marsh- mallow -já sustentado por uma base de pão de ló -é coberto por calda de chocolate e levado à geladeira para secar. Pode ser conservado por apenas 15 dias -45 dias a menos do que a nhá benta.
Na Só Doces, o confeiteiro Flávio Federico inspirou-se no "nosso antigo [chocolate] Lolo" para fazer uma pirâmide de chocolate meio-amargo de blend próprio, que equilibra matéria-prima brasileira, mais ácida, e belga, mais adocicada.
Para rechear, "caramelo num ponto quase queimado" e o marshmallow clássico, também conhecido como merengue italiano. "O verdadeiro é à base de clara de ovo e açúcar [na proporção de dois para um]", diz Federico, que chama a atenção para detalhes do preparo.
Primeiro, deixe as claras descansarem na geladeira por três dias para que elas alcancem seu volume máximo quando batidas. Segundo, evite qualquer vestígio de gordura nos utensílios.
"Clara bem batida demora entre 12 e 15 minutos", indica. Somente depois de a clara ficar firme, deve ser incorporada a calda de açúcar, sem parar de bater a mistura.
Para a calda, deve-se usar uma proporção de três partes de açúcar para uma de água. "Se colocar muita água, gasta-se muito tempo para ferver. Se colocar pouca, antes de o açúcar dissolver, ele carameliza", explica Federico, que também frisa a necessidade de usar o marshmallow logo após o preparo.


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