São Paulo, quinta-feira, 15 de julho de 2010

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CRÍTICA AÇÃO

Longa de Tarantino faz tributo a filmes B

"À Prova de Morte" reproduz estética e temas de gênero desprezado; obra chega ao país com três anos de atraso

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

Quentin Tarantino é o cara. Um dos poucos diretores do cinema mundial que faz exatamente o que quer, quando quer e como quer. Só ele mesmo para convencer um estúdio a bancar "À Prova de Morte", celebração fetichista de um dos gêneros mais desprezados do cinema, o "sexploitation".
Obcecado pelo cinema do subterrâneo, Tarantino cresceu fuçando locadoras. Sua tara são fitas de terror, sexo, mulheres perdidas, carros velozes e maníacos assassinos. "À Prova de Morte", que estreia amanhã, com três anos de atraso, é sua homenagem ao cinema marginal.
Tarantino reproduz a estética, os temas e até os defeitos desses filmes. O longa tem a cor lavada dos filmes B dos anos 1970, seus erros de continuidade, riscos na imagem, diálogos ridículos e muito sangue. Mas não há paródia, apenas reverência.
A história é uma variação do tema "maníaco à solta": Kurt Russel (de "Fuga de Nova York", clássico de John Carpenter) faz um dublê de filmes que persegue garotas por estradas desertas.
Fãs de filmes B, atenção às referências: entre os homenageados estão Dario Argento, Russ Meyer e Don Siegel, de quem Tarantino tomou emprestado o poema de Robert Frost com que Donald Pleasence hipnotiza suas vítimas em "Telefone" (1977).
Há diálogos mais longos do que merecem. Quem suportá-los será compensado com perseguições que fariam Brian De Palma orgulhoso.
"À Prova de Morte" é um desfile do imaginário tarantinesco: garotas seminuas, carros velozes e rock and roll.
Quem precisa de mais?


À PROVA DE MORTE
DIREÇÃO
Quentin Tarantino
PRODUÇÃO EUA, 2007
COM Kurt Russell, Rosario Dawson e Sydney Tamiia Poitier
ONDE Amanhã, nos cines Bristol, Marabá, Cidade Jardim e circuito
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO bom



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