São Paulo, Quinta-feira, 15 de Julho de 1999
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EXPOSIÇÃO
MAM/RJ exibe, a partir do dia 22, fotos, filmes, trechos de novelas, entrevistas e prêmios da atriz
Montenegro celebra 70 anos "sem véus"

CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio

A atriz Fernanda Montenegro decidiu comemorar com uma exposição duas datas que a "fragilizam e fortificam": seus 70 anos de vida e seus 50 anos de palco.
A partir do dia 22, a "fragilidade" e a "fortaleza" de Fernanda Montenegro serão mostradas em "Fernanda EnCena: Retrospectiva 50 Anos", no MAM/RJ.
"Sinto-me encarando a fortaleza de quem já viveu a maior parte da vida e a fragilidade dos anos vividos. Tive fôlego para chegar até aqui, mas o tempo marcou meu rosto, meu corpo", diz a atriz.
Por isso, Fernanda diz que tomou a coragem de "entrar em uma egotrip". "É hora de me comunicar eu mesma, não por meio de um personagem. Queria dar um testemunho, ter um encontro sem véus. É um ato pretensioso, talvez de exibição, mas também existe um risco. Não estou escudada por uma persona", afirma.
"Fernanda EnCena: Retrospectiva 50 Anos" reúne fotos, cartas, prêmios e desenhos de figurinos dos acervos da atriz, da Funarte e do Museu da Imagem e do Som.
Oito aparelhos de TV veicularão filmes sobre a atriz: trechos de novelas, filmes, entrevistas, teleteatros. Haverá também computadores conectados à homepage de Fernanda (www.uol.com.br/ fernandamontenegro) e fones nos quais será possível ouvir encenações da atriz.
A mostra é dividida em 18 módulos, ligando a atriz a personalidades e fatos importantes em sua vida, como o marido, Fernando Torres, os diretores Gianni Ratto, Celso Nunes, Paulo José e Naum Alves de Souza, seu trabalho com o Teatro dos Sete e no Grande Teatro Tupi, seus prêmios e sua participação no cinema e na TV.
Há documentos interessantes, como dez rascunhos da carta posteriormente enviada ao então presidente José Sarney, em 1985, na qual a atriz recusa o convite para ser ministra da Cultura.
Em outra carta, de abril de 1962, Carlos Drummond de Andrade agradece a Fernanda por ter lido alguns de seus poemas na TV. "Havia de ser bem difícil se eu tentasse agradecer-lhe tudo que lhe devo... E agora minha dívida aumenta muito, com as suas palavras e a sua interpretação valorizadora de meus poemas na TV", diz Drummond em um dos trechos.
Fernanda conta que se emocionou ao vasculhar seus arquivos. Um dos momentos mais marcantes, diz a atriz, foi ao ouvir sua própria voz cantando músicas de Artur Azevedo na peça "O Mambembe", encenada no Teatro Municipal do Rio em 1959.
"Durante mais de 40 anos, Alfredo Souto de Almeida, um grande amigo que tinha um programa sobre teatro na rádio MEC, gravou tudo o que acontecia no Rio. Ouvir minha voz, a de Sérgio Britto, de Ítalo Rossi, foi emocionante", diz a atriz.
Paralelamente à exposição, na cinemateca do museu, haverá uma mostra de oito filmes feitos por Fernanda -entre eles, "A Falecida", dirigido por Leon Hirszman, primeiro longa da atriz; "Eles Não Usam Black-Tie", de Gianfrancesco Guarnieri, e "Central do Brasil", de Walter Salles.


Mostra: Fernanda EnCena: Retrospectiva 50 Anos Onde: MAM/RJ (av. Infante Dom Henrique, 85, centro, tel. 0/xx/21/210-2188) Quando: de 22 de julho a 7 de setembro; terças e quartas, das 10h às 18h; quintas, das 10h às 20h; sextas e sábados, das 10h às 22h; domingos, das 10h às 20h Quanto: para a exposição, R$ 4 e R$ 2,50 (estudantes e maiores de 65); para a mostra de filmes, R$ 5 e R$ 2,50 por sessão (estudantes e maiores de 65 anos)

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