São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2010 |
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Mônica Bergamo bergamo@folhasp.com.br Domingão do Galvão
O locutor passa por tratamento para se livrar de fungos na garganta e na boca e diz que pretende animar seu próprio programa de auditório
Em SP para o lançar, na terça, um vinho e um espumante que levam seu nome (o "Bueno Paralelo 31" e o "Bueno Cuvée Prestige", assinados pelo francês Michel Rolland), Galvão pega régua e compasso: ele pretende redesenhar a vida profissional a partir de 2014, ano em que narrará, no Brasil, uma Copa do Mundo "pela última vez". O locutor recebeu a coluna no hotel Hyatt, onde fica quando está na cidade -ele hoje vive em Mônaco. Entre copos de vinhos e declarações de amor à mulher, Desirée, falou sobre vários assuntos. A seguir, um resumo: VOLTA DA SELEÇÃO Um espetáculo. Esse primeiro jogo [contra os EUA, na terça] resgatou o nosso jeito de ser, a nossa irreverência, a molecagem sadia. Você vê o Ganso, o Neymar e o Pato, que tinham que estar lá na Copa da África. Fiquei extremamente feliz. Tive mais prazer em transmitir esse amistoso do que nos seis jogos que fiz na Copa. NA ÁFRICA Transmitir jogos da seleção brasileira, na minha profissão, é um êxtase. Mas talvez esta tenha sido a única das minhas dez Copas em que não tive nenhum prazer [nas partidas]. Você sentia que os jogadores não jogavam com gosto, eles jogavam com raiva, mais para dar respostas do que pelo prazer de jogar. Isso não é o futebol brasileiro. O processo foi tão doloroso, tão triste, uma coisa tão exagerada, tão radical. DUNGA Eu sempre defendi o Dunga. Ele começou muito bem, caminhou bem e depois se perdeu inteiramente. Por que uma pessoa tão vitoriosa tem que se alimentar de revanchismo? E não foi só Dunga. Foi o [auxiliar técnico] Jorginho, o [supervisor] Américo Faria.... Quem se alimenta de ódio e de revanche está sempre mais perto da derrota do que da vitória. Nós saímos da Copa sem usar a terceira substituição. Talvez não tivesse ninguém pra colocar, porque ele não levou a seleção. Levou os amigos dele.
Folha - A briga com Dunga
afetou o ânimo da TV Globo?
E por que a bronca?
E eleger o Galvão.
Aquele em que você dançou
na bancada? Pensei: e agora? Vamos divulgar nota oficial? Mas não sou político. Não cometi crime. Aí surgiu a ideia de falar no [programa] "Central da Copa", com o Tiago Leifert. Ele é brincalhão. Me vejo nele. Eu era folgado e abusado na idade dele. E assumi a brincadeira. O que poderia ter sido ruim virou um grande barato. Teve também aquele maluco que fez o vídeo dizendo que Cala a Boca Galvão queria dizer "Save the Birds". Sensacional. Virou um troço mundial mesmo. Até propus à Globo que fizéssemos uma campanha séria [em defesa de pássaros em extinção]. Eu virei cult. A VOZ No jogo de Brasil e Holanda na Copa, eu travei. A minha voz falhava, parecia carro de embreagem ruim. O Cleber Machado chegou a ficar de prontidão. Me apavorei. No Brasil, o [cantor] Zezé Di Camargo me indicou o Luiz Cantoni, otorrinolaringologista. Ele botou câmeras na minha garganta: "Olha isso!". Estava forrado de placas brancas. Peguei um fungo na boca, na garganta, na faringe. Sabe micose no dedo? Eu tenho nas cordas vocais. Rinite fungótica. Ó que nome doido? Tomei anti-inflamatórios, fungicidas e estou fazendo cinco gargarejos diários com Micostatin. Já estou quase perfeito. É o Fala Galvão. Voltei a gritar. O FUTURO A Copa de 2014 será a última que vou narrar. Porque é uma entrega total. Eu saio da Copa moído, acabado. Vou estar com 66 anos, 42 de profissão. E eu sou um saltimbanco. Deus me deu duas mulheres excepcionais: a Lucia, minha primeira mulher, que morreu em janeiro, e a Desirée. Elas sempre foram mãe e pai. Eu tenho cinco filhos, dois netos maravilhosos. Quero dar um pouco mais pra mim e mais de mim pra eles. Mas eu não quero sair da Globo nunca mais! Eu vou fazer 30 anos de Globo em 2011. Vou fazer um livro, "30 Anos de Estrada". E sou louco para fazer um programa de auditório. Doido.
Tipo Silvio Santos?
Há preconceito contra o que é
popular?
R$ 1 milhão por mês?
O Brasil melhorou?
Você tinha sete empregados
no Brasil e lá só tem um.
E no Brasil? |
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