São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 2011

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Tango reloaded

Nova geração de músicos de Buenos Aires renova tradições sem se render a modismos

DENISE MOTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Há um aparente paradoxo que não para de crescer e se fazer ouvir nos recônditos de Buenos Aires: o "novíssimo tango" ou "tango contemporâneo" ou "tango off".
Todas são definições de um movimento liderado pela juventude musical do underground da cidade, que rechaça, entre outras coisas, a união de tango e música eletrônica popularizada por grupos como Gotan Project e Bajofondo -mistura que curiosamente vem sendo incorporada pela velha guarda nas milongas da capital portenha ou de Montevidéu.
Também está fora de cogitação sentar-se ao piano para executar ícones como "La Cumparsita", ou reunir clássicos para maravilhar turistas "que pagam US$ 100 para ver um espetáculo brega e tomar uma taça de champanhe", como define, com bom humor e língua afiada, Agustín Guerrero, um dos cabeças da onda insurgente.
"Diria aos brasileiros que venham ver tango de verdade. Que não se deixem ser roubados pela estética de shopping center", diz o líder da Otag (Orquesta Típica Agustín Guerrero), que se apresenta como músico de tango desde os 11 anos.
Para os integrantes desse novo circuito de produção -compositores entre 20 e 40 e poucos anos que têm como base o jazz e o tango-, é hora de renovar o ritmo a partir de sua lógica criativa original: a experimentação à luz das vanguardas musicais e da realidade social.
"Existe uma tentativa de somar ao tango elementos da música contemporânea. Pode ser o dodecafonismo ou elementos da música impressionista etc. Temos poucos ou nenhum ponto de contato com o tango eletrônico, algo muito simples, muito básico. Feito para tocar em danceteria", estoca Guerrero.
Também se trata de juntar forças entre autores que compartilham visões semelhantes sobre um gênero percebido "como um meio de comunicação, como uma linguagem que é nossa", diz Hernán Cabrera, 30, líder do Ciudad Baigón, uma orquestra típica de quatro bandoneóns, três violinos, viola, violoncelo, contrabaixo, piano e voz.


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