São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 2011

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Congresso resgata maior projeto de Landowski

Realizador do Cristo Redentor queria erguer "Templo do Homem"

Sem conseguir realizar seu sonho, escultor tem sua trajetória revisitada por especialista francesa em art déco

FABIO CYPRIANO
DE SÃO PAULO

O maior projeto do escultor francês Paul Landowski (1875-1961) -um dos realizadores do Cristo Redentor, no Rio-, o "Templo do Homem", nunca foi construído, e representa "uma das grandes utopias do século 20".
Esse é um dos pontos centrais da fala da francesa Michèle Lefrançois, especialistas em art déco em sua palestra nesta quinta no Rio. "Vou evocar seu humanismo através do projeto que ele conduziu durante toda a sua vida: esculpir um templo dedicado à glória da humanidade. Para ele, a forma não poderia se dissociar do pensamento, da ideia", disse Lefrançois à Folha.
Segundo ela, desde 1903, durante uma residência na Villa Médicis, em Roma, Landowski teve a ideia de construir e esculpir um templo que contaria a história da humanidade. Ele seria aberto a todos, sem distinção de raça ou religião e seria criado para funcionar como centro de manifestações intelectuais.
"Além de ser a especialista número um em Landowski, Lefrançois conseguiu criar a maior coleção de esculturas art déco da Europa, nos anos em que atuou como diretora-conservadora do Museu dos Anos Trinta, em Paris", afirma Marcio Alves Roiter, autor de do livro "Rio de Janeiro Art Déco", que a Editora Casa da Palavra lança nesta semana.
Foi o escritor Paul Valéry quem batizou o projeto de "Templo do Homem". Ele seria coroado por uma cúpula e, sobre ela, estaria a escultura "Les fils de Caïn" (hoje nos jardins do Louvre, em Paris), acolhendo os visitantes. Quatro paredes esculpidas apresentariam ainda as lendas da humanidade.
Sem conseguir viabilizar seu sonho, Landowski hoje é reconhecido por ter projetado parte do Cristo Redentor, no Rio, o maior monumento de art decó do mundo.
Até recentemente, ele era atribuído apenas ao francês, mas graças ao documentário "Christo Redemptor" (2005), de Bel Noronha, admitiu-se que o monumento foi fruto de um concurso público, vencido por Heitor da Silva Costa, de quem a cineasta é neta. Ele teria optado pelo formato do Cristo de braços abertos e encomendado mãos e rosto a Landowski, que nunca veio ao Brasil. Noronha participa da mesma mesa de Lefrançois no 11º Congresso Mundial de Art Déco.

11º CONGRESSO MUNDIAL DE ART DÉCO
QUANDO até dia 21 de agosto
ONDE Windsor Atlântica (av. Atlântica, 1020; Copacabana, tel. 0/xx/21/2195-7800)
QUANTO R$ 450
SITE congressoartdecorio.com



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