São Paulo, Quarta-feira, 15 de Setembro de 1999
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MÚSICA

A banda Nocaute abre a noite e apresenta seu primeiro trabalho oficial depois de sete anos de estrada

O Rappa lança "Lado B/Lado A" em SP

RODRIGO DIONISIO
da Redação

Hoje é dia de lançamento duplo no Tom Brasil. Os grupos cariocas O Rappa e Nocaute apresentam seu novos trabalhos. E, além do Rio e da mistura de ritmos (leia crítica abaixo), as bandas se cruzam em outros momentos.
Um exemplo? A letra da música de trabalho do Nocaute, "Men's", foi inspirada em Lauro Farias, baixista do Rappa. "É que ele sempre fala: "E aí, men's'", conta Nino Rap, vocal do Nocaute.
Mas as diferenças entre as bandas também são destacadas. O Rappa lança seu terceiro CD logo depois de "Rappa Mundi", que vendeu 300 mil cópias e espalhou o som da banda pelo país.
Com esse relativo sucesso e cinco anos de estrada, depois do primeiro CD, que levava o nome da banda, os integrantes do grupo resolveram relaxar. "Esse trabalho, nós fizemos do jeito que a gente quis, num clima família. Se não vender nada, dane-se, estamos felizes com o resultado", afirma Marcelo Yuka, baterista e principal compositor.
"Seria fácil fazer um "Rappa Mundi 2" e ganhar mais grana, mas não é isso. Nós amadurecemos, nossa música melhorou a nossa vida. Agora é hora de ver quem entende realmente o que é o grupo, quem são os fãs do Rappa. Eu definiria o nosso som como música de personalidade", complementa Falcão, vocal.
Já para o Nocaute: "A gente precisa mostrar a nossa cara. Quando nós estávamos passando o som na CD Expo, a galera que estava montando os estandes comentava: "Será que é o Planet Hemp?". A gente tem de marcar a nossa música", afirma Nino Rap.
O grupo existe há sete anos, já lançou um CD demo e agora chega ao seu primeiro trabalho oficial. "Mas, enquanto o querosene não vem, nós vamos fazendo outras coisas para conseguir ganhar um dinheiro, mas sem comprometer a música", diz Ed Esteves, que toca guitarra no Nocaute, dá aulas do instrumento e trabalha na Secretaria da Cultura do Rio.
"Pô, eu liguei para casa agora e me falaram que tem uma placa lá para eu fazer. Eu era pichador, mas, quando eu parei, comecei a pintar faixas e cartazes. Continuo trabalhando com isso, cobro metade do preço e me sinto feliz com esse trabalho", conta Nino Rap.
Do lado do Rappa, os caras tiveram até a oportunidade de ter Bill Laswell, que já trabalhou com Bob Marley e Ramones, produzindo duas faixas do CD, "Lado B/Lado A" e "Na Palma da Mão".
"Quando sugerimos o cara para a gravadora, eles acharam que a gente estava brincando. Acabou que o Yuca foi até os EUA para ver se o cara era legal mesmo e se nós topávamos trabalhar com ele", conta Lobato, tecladista.
Mas o grupo não largou as raízes. "A gente continua com o mesmo pessoal, a galera da nossa área. Antes, a molecada só tinha o traficante para admirar, agora vê que tem um jeito bem melhor de tirar onda", diz Falcão.
O encarte de "Lado B/Lado A" traz uma ficha de depósito para a Fase (www.fase.org.br), uma ONG que trabalha com projetos de educação e desenvolvimento em comunidades carentes de dez Estados do país. Uma porcentagem das vendas do CD também será doada para a instituição.
Do lado do Nocaute: "A molecada que joga bola comigo vai me ver ganhando alguma coisa com o meu som e, talvez, entenda que há um caminho melhor", afirma Nino Rap. No final, o lado B e o A nem são tão diferentes assim.


Shows: O Rappa e Nocaute
Quando: hoje, a partir das 22h
Onde: Tom Brasil (r. Olimpíadas, 66, Vila Olímpia, tel. 0/xx/11/820-2326)
Quanto: de R$ 20 a R$ 40



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