São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2010

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Osesp é regida pela maior maestrina em atividade

Diretora da Sinfônica de Baltimore, Marin Alsop interpretará Mahler em concertos

Pupila de Leonard Bernstein possui vasta discografia e lançará registro integral das sinfonias de Prokofiev

Marisa Cauduro/Folhapress
Marin Alsop durante ensaio para o concerto que fará no Brasil

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nesta semana, a Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) atua sob a batuta da principal regente do sexo feminino da atualidade. Diretora musical da Sinfônica de Baltimore (EUA), a norte-americana Marin Alsop, 53, rege a grandiosa "Sinfonia nº 7", de Gustav Mahler (1860-1911).
Com uma vasta e premiada discografia pelo selo Naxos, Alsop se tornou, em 2007, a primeira mulher a assumir uma grande orquestra nos Estados Unidos.
A chegada a Baltimore, contudo, foi cercada de controvérsia: julgando-se atropelados no processo de escolha, os músicos da orquestra não esconderam suas restrições à maestrina. Contudo, as tensões iniciais foram superadas e, em 2009, a orquestra anunciou a renovação do contrato de Alsop até 2015, fazendo dela uma exceção em um mundo ainda dominado por regentes do sexo masculino.
"Com os músicos, o fato de eu ser mulher nunca foi problema", diz. "O início de carreira foi difícil, é claro, mas acho que isso acontece tanto com regentes homens como com mulheres. É uma carreira com poucas oportunidades e é difícil para um maestro iniciante subir ao pódio diante de uma orquestra."
Em Baltimore, além das atividades artísticas, ela tem se empenhado em uma série de programas de educação musical envolvendo a população carente. "Você tem de tentar ser relevante e isso é difícil quando lida com gente morta, que criou cem anos atrás", afirma.

BERNSTEIN E MAHLER
Ela abre o concerto desta semana com "Opening Prayer", que tem solo do barítono Leonardo Neiva e foi escrita para a reabertura do Carnegie Hall, em 1986, por seu antigo mestre Leonard Bernstein (1918-1990).
"Existe uma óbvia conexão entre Bernstein e Mahler porque Bernstein foi responsável pelo "revival" das sinfonias de Mahler na década de 1960", afirma. "Além disso, ele tinha grande identificação com Mahler: ambos eram regentes compositores e homens conflitados."
"Bernstein me influenciou menos como interpretação do que por sua visão geral sobre Mahler", complementa a maestrina. "Mahler, para ele, era um profeta do século 20, alguém que anteviu tudo o que ia acontecer na música daquela época."
Ela espera, de qualquer forma, que sua leitura da sétima sinfonia do compositor austríaco não seja uma cópia da interpretação de Bernstein: "Acho mais fácil trazer um conceito próprio nessa obra, pois ela não é tão executada quanto outras sinfonias de Mahler, como a primeira", exemplifica.
"Todas as sinfonias de Mahler são uma viagem", explica. "Essa começa com a marcha fúnebre do início e termina com aquela alegria quase maníaca do final, passando por aqueles trechos muito especiais que ele chama de "Nachtmusik", ou seja, música noturna."

DISCOS BARATOS
Em meio ao que vários analistas descrevem como uma crise do mercado fonográfico, Alsop tem gravado copiosamente e começará agora a fazer o registro integral das sinfonias de Sergey Prokofiev (1891-1953).
"Eu sempre ouço conselhos, mas raramente os sigo.
Disseram-me para evitar a Naxos, que é uma gravadora de discos baratos, mas olhe o resultado: eles viraram o principal selo clássico do mundo!", afirma, para completar, irônica: "Bem, talvez meus CDs estejam fazendo sucesso porque eu sou mulher. Não é engraçado?".

ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO E MARIN ALSOP
QUANDO amanhã e sexta, às 21h, e sábado, às 16h30
ONDE Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, 16, tel. 0/xx/11/ 3223-3966)
QUANTO de R$ 36 a R$ 122
CLASSIFICAÇÃO não informada


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