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Espetáculo uruguaio desafia tabus em comédia sarcástica
"Los Padres Terribles" foi destaque no Porto Alegre em Cena
MARCOS GRINSPUM FERRAZ
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
Parece merecer revisão,
nos últimos tempos, a ideia
difundida de que predomina
no Uruguai um tipo de teatro
conservador, que se utiliza
de linguagens tradicionais.
Um bom exemplo é o sucesso de público e crítica no
país da peça "Los Padres Terribles" (os pais terríveis),
montagem nada tradicional.
A peça, escrita pelo francês Jean Cocteau (1889-1963)
e montada agora por Alberto
Zimberg, foi apresentada no
17º Festival Porto Alegre em
Cena no último final de semana.
A trama gira em torno dos
conflitos de uma família disfuncional, na qual uma mãe
dominadora tem relação
quase incestuosa com o filho, que por sua vez tem uma
namorada que se envolve
com o pai dele e assim por
diante, num ambiente onde
reina a manipulação.
Se ao explorar tabus o tema em si já não é conservador, a linguagem teatral utilizada -em que a comicidade
está nos excessos- também
vai por caminhos não usuais
no Uruguai, afirma Zimberg.
"Fizemos uma proposta
muito corporal, para explorar a loucura dos personagens. Esse tipo de uso do corpo mais intenso não é comum no nosso teatro", diz.
Ainda assim, a inovação
ainda parece, às vezes, esbarrar em certos padrões. A
peça recebeu classificação
indicativa de 18 anos, o que
Zimberg compara à proibição da obra na França em
1948.
"É uma loucura. Hoje em
dia se vê por aí coisas muito
piores liberadas. Isso mostra
que os tabus de que trata a
peça seguem sendo tabus."
O jornalista MARCOS GRINSPUM FERRAZ
viajou a convite do Porto Alegre em Cena.
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