São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2010

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Espetáculo uruguaio desafia tabus em comédia sarcástica

"Los Padres Terribles" foi destaque no Porto Alegre em Cena

MARCOS GRINSPUM FERRAZ
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

Parece merecer revisão, nos últimos tempos, a ideia difundida de que predomina no Uruguai um tipo de teatro conservador, que se utiliza de linguagens tradicionais.
Um bom exemplo é o sucesso de público e crítica no país da peça "Los Padres Terribles" (os pais terríveis), montagem nada tradicional.
A peça, escrita pelo francês Jean Cocteau (1889-1963) e montada agora por Alberto Zimberg, foi apresentada no 17º Festival Porto Alegre em Cena no último final de semana.
A trama gira em torno dos conflitos de uma família disfuncional, na qual uma mãe dominadora tem relação quase incestuosa com o filho, que por sua vez tem uma namorada que se envolve com o pai dele e assim por diante, num ambiente onde reina a manipulação.
Se ao explorar tabus o tema em si já não é conservador, a linguagem teatral utilizada -em que a comicidade está nos excessos- também vai por caminhos não usuais no Uruguai, afirma Zimberg.
"Fizemos uma proposta muito corporal, para explorar a loucura dos personagens. Esse tipo de uso do corpo mais intenso não é comum no nosso teatro", diz.
Ainda assim, a inovação ainda parece, às vezes, esbarrar em certos padrões. A peça recebeu classificação indicativa de 18 anos, o que Zimberg compara à proibição da obra na França em 1948.
"É uma loucura. Hoje em dia se vê por aí coisas muito piores liberadas. Isso mostra que os tabus de que trata a peça seguem sendo tabus."


O jornalista MARCOS GRINSPUM FERRAZ viajou a convite do Porto Alegre em Cena.


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