São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2010

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Morre empresário Paulo Machado de Carvalho Filho

Ex-diretor da Record e um dos principais articuladores dos festivais de música popular dos anos 60 estava internado havia duas semanas

CLARICE CARDOSO
LUIZA FECAROTTA

DE SÃO PAULO

O empresário Paulo Machado de Carvalho Filho, 86, morreu ontem, às 10h, vítima de um tumor maligno de próstata (neoplasia). Ele estava internado desde o dia 31 de agosto no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Filho de Paulo Machado de Carvalho (1901-92), fundador da Rede de Emissoras Unidas de Rádio e Televisão, foi diretor da rádio e da TV Record por cerca de 40 anos.
A emissora não havia se pronunciado até o fechamento desta edição.
O empresário começou a trabalhar aos 16 anos na rádio Record por influência do pai e conta suas experiências nos festivais da TV Record no filme “Uma Noite em 67” (2010), de Ricardo Calil, crítico da Folha, e Renato Terra.
“É importante ressaltar que ele fez algo hoje inimaginável: abriu o horário nobre da TV aberta de maior sucesso aos musicais”, diz Calil.
“Ele deu à TV Record uma audiência massacrante que ninguém batia”, lembra o jornalista e crítico Zuza Homem de Mello, 76.
Os dois se conheceram no final dos anos 50, quando este era técnico de som. “Trabalhamos juntos dez anos, ele percebeu minhas condições de fazer muito mais.”
Na década de 1960, Zuza era responsável pelos contratos dos artistas americanos que Carvalho trazia para shows no teatro Record e que depois televisionava.
Em 1958, ele já trouxera Louis Armstrong. Nat King Cole e Marlene Dietrich também vieram a convite dele.
Carvalho Filho promoveu também o primeiro Festival de Música Popular em 1966.
Nos anos 60, os músicos brasileiros tinham contratos com a Record como os atores têm com a Globo hoje, conta Calil. “Ele contratou a Elis por uma fortuna, ninguém ganhava tanto”, diz Zuza.
Entre os artistas que Carvalho ajudou a celebrizar com seus programas de TV, a partir de 65, estão também Roberto Carlos, Caetano Veloso e Chico Buarque.

ANIMAIS
Carvalho também nutria paixão por animais. Criava dálmatas, tinha um haras e criou pássaros em sua chácara no interior de São Paulo.
Mantinha hábitos tradicionais da família, empregados uniformizados, gostava de comer na cantina Gigio, em Pinheiros, e tinha “voz adorável”, segundo Zuza. “Era uma pessoa de um bom humor...”, lembra.
O corpo será sepultado em São Paulo, hoje, às 10h, no cemitério do Morumbi. Carvalho Filho era viúvo e deixa três filhos e netos.


Colaborou ESTÊVÃO BERTONI , de São Paulo


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