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Mestre francês do improviso ao piano toca em SP
O trio de Jacques Loussier apresenta Bach, Vivaldi e Satie hoje e amanhã em temporada do teatro Cultura Artística
O músico já incursionou pela música eletroacústica, escreveu uma missa, uma sinfonia e concertos para vozes e instrumentos solos
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
A música curiosamente cria
fortes tabus para si mesma. Nos
últimos 30 anos, ela desqualificou as transcrições de peças
barrocas para grandes formações sinfônicas ou arranjos para instrumentos modernos. Sobreviveram exceções: interpretar ao piano as peças de Johann
Sebastian Bach para cravo ou
então tomar os temas de Bach
para a improvisação de jazz.
Nesse último caso, há os vocalistas do "Swingle Singers"
(1962) e um único expoente
mundial ao piano: o francês
Jacques Loussier, 72, um músico de superlativo bom gosto
que improvisa desde 1959, já
vendeu 7 milhões de exemplares de seus 44 LPs e CDs.
Ele se apresenta hoje e amanhã, em São Paulo, na temporada do teatro Cultura Artística.
Em companhia do contrabaixista Benoit Dunoyer de Ségonzac e do baterista André Arpino, ele fará quatro peças de Bach -como o "Concerto de
Brandenburgo nš 5"-, o "Verão", das "Quatro Estações", de
Vivaldi, e, na segunda parte, a
primeira das "Gymnopédie", de
Satie, e o "Bolero", de Ravel.
Loussier já incursionou pela
música eletroacústica, escreveu uma missa, uma sinfonia e
concertos para vozes e instrumentos solos. Em entrevista à
Folha, diz não se preocupar
com o que é politicamente correto. "Há quase 50 anos as pessoas me ouvem e aparentemente gostam do que eu faço",
diz ele.
Não considera estranho o fato de a improvisação, tal qual a
prática, não ser objeto de ensino nos conservatórios, o que
daria brasão acadêmico e pedigree a sua corrente musical.
"Creio que o princípio da improvisação não é algo que se
aprenda. Pode-se determinar
linhas a serem seguidas, com
base, por exemplo, no contraponto. Mas não existe uma escola de improvisação, porque a
inspiração depende exclusivamente de cada intérprete."
Embora já tenha gravado
com material de Beethoven e
Chopin, o século 19 não o atrai
do mesmo modo. Mesmo com
relação a Hector Berlioz, o
maior compositor do romantismo francês, ele responde que
"seria um pouco mais difícil"
obter células musicais com que
fazer sua própria música.
Inclassificável
Loussier gosta da etiqueta
"inclassificável" para designá-lo. Ela aparece um par de vezes
em seu site pessoal. Ex-aluno
do prestigioso Conservatório
de Paris, sua formação é heterodoxa, tendo sido nos anos 50
acompanhante de cantores populares como Charles Aznavour e viajado para o Oriente e
morado em Cuba numa espécie
de turismo destinado à captação de ritmos e sons.
Em 1978, com a dissolução do
primeiro trio Play Bach que
formou, montou um estúdio de
gravação no sul da França,
quando trabalhou com Pink
Floyd, Elton John e Sting. Seu
trio foi reconstituído em 1985,
quando do tricentenário do
nascimento de Bach. E vieram
novas excursões e mais 30 CDs
em sua discografia.
Loussier teve seu nome associado ao noticiário judicial
quando, em 2002, processou
Eminem pelo plágio de uma de
suas composições, "Pulsion". O
processo durou quatro anos e
ele obteve ganho de causa.
JACQUES LOUSSIER TRIO E QUARTETO HAGEN
Quando: hoje e amanhã, às 21h
Onde: teatro Cultura Artística (r. Nestor Pestana , 196, SP, tel. 0/xx/11/
3258-3344)
Quanto: d e R$ 60 a R$ 150
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