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DISCO/CRÍTICA
Novo CD vai contra a corrente e complica som do grupo
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma das maiores novidades
da nova música brasileira do
início dos anos 2000, o Cordel do
Fogo Encantado optou por complicar em seu segundo álbum.
Muito jovem, o grupo se põe de
cara contra a corrente que prega o
"quanto mais fácil, melhor". "O
Palhaço do Circo sem Futuro"
oferece novas dificuldades até a
quem admirou o marcante álbum
de estréia, lançado em 2001.
O pop está retraído no novo CD.
Às vezes soa como quase um disco de rock progressivo à nordestina, daqueles que produziu a desconhecida geração maldita anos
70 de Pernambuco (Marconi Notaro, Lula Cortes etc.).
Mas não é um álbum progressivo, e sim o Cordel querendo sonorizar a aridez de seu ambiente,
em meio a fagulhas poéticas de
igual quilate às sempre expelidas
por Lirinha. A certa altura, por
exemplo, ele profere, declamando: "Os homens aprenderam com
Deus a criar/ e foi com os homens
que Deus aprendeu a amar".
Tal proposição convive com outras (e com a sonoridade dura)
que passam certa impressão de
afãs messiânicos vindos da terra
de Lula. O Cordel se alinha, também nisso, ao grupo conterrâneo
Jorge Cabeleira e o Dia em que Seremos Todos Inúteis, que lançou
no ano passado o belo "Alugam-se Asas para o Carnaval".
Messiânicos ou não, são grupos
tateando um novo experimentalismo, que pode consumar o pós-mangue beat na fervilhante cultura pop/antipop pernambucana.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
O Palhaço do Circo sem Futuro
Grupo: Cordel do Fogo Encantado
Lançamento: Rec Beat (0/xx/81/3341-3326, recbeat@terra.com.br)
Quanto: R$ 20, em média
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