São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 2002

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DISCO/CRÍTICA

Novo CD vai contra a corrente e complica som do grupo

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das maiores novidades da nova música brasileira do início dos anos 2000, o Cordel do Fogo Encantado optou por complicar em seu segundo álbum.
Muito jovem, o grupo se põe de cara contra a corrente que prega o "quanto mais fácil, melhor". "O Palhaço do Circo sem Futuro" oferece novas dificuldades até a quem admirou o marcante álbum de estréia, lançado em 2001.
O pop está retraído no novo CD. Às vezes soa como quase um disco de rock progressivo à nordestina, daqueles que produziu a desconhecida geração maldita anos 70 de Pernambuco (Marconi Notaro, Lula Cortes etc.).
Mas não é um álbum progressivo, e sim o Cordel querendo sonorizar a aridez de seu ambiente, em meio a fagulhas poéticas de igual quilate às sempre expelidas por Lirinha. A certa altura, por exemplo, ele profere, declamando: "Os homens aprenderam com Deus a criar/ e foi com os homens que Deus aprendeu a amar".
Tal proposição convive com outras (e com a sonoridade dura) que passam certa impressão de afãs messiânicos vindos da terra de Lula. O Cordel se alinha, também nisso, ao grupo conterrâneo Jorge Cabeleira e o Dia em que Seremos Todos Inúteis, que lançou no ano passado o belo "Alugam-se Asas para o Carnaval".
Messiânicos ou não, são grupos tateando um novo experimentalismo, que pode consumar o pós-mangue beat na fervilhante cultura pop/antipop pernambucana.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)

O Palhaço do Circo sem Futuro


   
Grupo: Cordel do Fogo Encantado
Lançamento: Rec Beat (0/xx/81/3341-3326, recbeat@terra.com.br)
Quanto: R$ 20, em média



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