São Paulo, quinta-feira, 15 de novembro de 2007

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Crítica/"O Magnata"

Tosco, filme de Chorão é produto "sub TV"

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

O projeto de filmes orientados para um público jovem, com consumo e interesses particulares por alguns temas, é uma proposta importante e que pode dar certo quando a mecânica elementar alcançar um patamar mínimo de qualidade. O que se vê em um produto como "O Magnata", contudo, ainda é muito tosco em relação ao que o próprio público a que se destina já se acostumou a ver na TV.
O filme reúne a assinatura de Chorão, ídolo pop cultuado na música, e o know-how visual de Johnny Araújo, experiente diretor de clipes em sua primeira aventura em longa-metragem.
À frente do elenco, Paulo Vilhena, ator de relativo apelo jovem e capaz de transmitir veracidade física e psicológica a um personagem difícil.
A trama percorre alguns submundos de São Paulo, em busca de uma autenticidade que se supõe terem universos como os dos skatistas e dos clubes de hardcore. A idéia é representar o jovem fora do ambiente edulcorado ao qual a telenovela costuma condená-lo.
Esta ambição é a única que "O Magnata" alcança com eficiência, por meio de recursos de pós-produção que reproduzem o aspecto sujo de seus espaços e ótimos resultados na ambientação sonora. Entretanto, é a insuficiência dramática do roteiro e suas reviravoltas que põem tudo a perder.
Seu protagonista em crise é um personagem com mais complexidades que a mera abordagem de rebelde sem causa consegue manter interessante. Há uma evidente intenção de Chorão de retratar um vazio geracional através do ato criminoso que conduz a trama, mas a opção não escapa de um ranço moralista quando a situação foge do controle.
O que há de fato é uma ambigüidade mortal ao projeto. Seu apelo vem da "atitude" do protagonista, capaz de provocar empatia junto à maioria de seu público. Mas a "mensagem" que carrega é contraditória, quando precisa negar tudo o que usa de linguagem de tribo para atrair o espectador.
O resultado é uma história que parece estar ali apenas à espera da entrada de Chorão e seu Charlie Brown Jr. para um esperado número musical. O que é muito pouco para um público que pode obter isso de graça ligando a TV ou o rádio.


O MAGNATA
Direção:
Johnny Araújo
Produção: Brasil, 2007
Com: Paulo Vilhena, Rita Batata, Rosanne Holland e Chorão
Onde: Center Norte Cinemark, Frei Caneca Unibanco Arteplex e circuito
Avaliação: péssimo


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