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Em show, violonistas fazem conexão Brasil-EUA
O brasileiro Chico Pinheiro e o americano Anthony Wilson mesclam estilos em
"Nova"
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Chico Pinheiro resolveu virar independente com um disco binacional. Junto com o guitarrista americano Anthony
Wilson, o compositor paulista
lança, neste fim de semana, no
Sesc Pinheiros, "Nova", CD
inaugural do selo Buriti.
Cruzando as poéticas do jazz
e da música brasileira, o álbum
tem a pianista e cantora canadense Diana Krall como madrinha involuntária. Wilson
acompanhava Krall em turnê
brasileira em 2005 quando recebeu, de um fotógrafo, um disco de Pinheiro. "Ganho uma pilha de CDs o tempo todo, mas,
quando fui ouvir esse, já de volta aos EUA, foi uma revelação",
conta. "Disse: "Cara, tenho que
fazer alguma coisa com ele!'"
Ato contínuo, Wilson escreveu para Chico, e os dois logo
engataram uma parceria genuinamente binacional. A começar pelo repertório, que traz
obras de autoria dos dois, além
de temas de Wayne Shorter
("When You Dream", com vocal de Ivan Lins), Dorival
Caymmi ("Requebre que Eu
Dou um Doce", na voz de Dori
Caymmi e com piano de César
Camargo Mariano).
Também a produção envolveu os dois países: as bases foram gravadas pelos violonistas
em São Paulo, onde Dori também registrou seu vocal; Ivan
Lins e o percussionista Armando Marçal gravaram suas participações no Rio; enquanto César Camargo Mariano fez seu
registro em Nova York, e os
metais americanos que tocam
em "When You Dream" foram
captados em Los Angeles.
A sonoridade do álbum também busca uma mescla dos estilos. "O pai do Anthony era jazzista, e esse é o universo dele; a
música brasileira só entrou há
pouco tempo. Já eu sou da música brasileira, e só fui estudar
jazz mais tarde", diz Pinheiro.
A idéia, então, foi criar um
universo comum, em que ambos se sentissem à vontade. E
fazer um diálogo entre jazz e
música brasileira que fosse
além das realizações da bossa
nova. "O que a bossa nova fez
foi muito legal, mas já aconteceu bastante coisa depois daquilo", teoriza Pinheiro. "Acho
que, aqui, a gente conseguiu
construir uma sonoridade mais
contemporânea", diz.
"Dono da minha arte"
Essa sonoridade contemporânea marca, assim, o primeiro
CD do Buriti, selo independente pelo qual o músico pretende
passar a editar seus trabalhos.
"Quando terminei o disco, falei com os selos interessados
em lançar o trabalho, e as condições que ofereciam não me
interessavam", diz Pinheiro.
"Nesta época de mudanças tecnológicas tão rápidas, achei que
ter o próprio selo seria a forma
mais segura de ser o dono de
minha própria arte."
O Buriti não deve trazer só
trabalhos de Pinheiro. O compositor define a nova gravadora
como uma "cooperativa de músicos", pretendendo abrir espaço para CDs de artistas próximos a ele, como o pianista Fábio Torres e as cantoras Luciana Alves e Tatiana Parra.
CHICO PINHEIRO E ANTHONY WILSON
Quando: hoje, às 21h; amanhã, às 18h
Onde: Sesc Pinheiros (r. Paes Leme,
195, tel. 0/xx/11/3095-9400)
Quanto: R$ 3,50 a R$ 15
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