São Paulo, sábado, 15 de dezembro de 2007

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Em show, violonistas fazem conexão Brasil-EUA

O brasileiro Chico Pinheiro e o americano Anthony Wilson mesclam estilos em "Nova"

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Chico Pinheiro resolveu virar independente com um disco binacional. Junto com o guitarrista americano Anthony Wilson, o compositor paulista lança, neste fim de semana, no Sesc Pinheiros, "Nova", CD inaugural do selo Buriti. Cruzando as poéticas do jazz e da música brasileira, o álbum tem a pianista e cantora canadense Diana Krall como madrinha involuntária. Wilson acompanhava Krall em turnê brasileira em 2005 quando recebeu, de um fotógrafo, um disco de Pinheiro. "Ganho uma pilha de CDs o tempo todo, mas, quando fui ouvir esse, já de volta aos EUA, foi uma revelação", conta. "Disse: "Cara, tenho que fazer alguma coisa com ele!'"
Ato contínuo, Wilson escreveu para Chico, e os dois logo engataram uma parceria genuinamente binacional. A começar pelo repertório, que traz obras de autoria dos dois, além de temas de Wayne Shorter ("When You Dream", com vocal de Ivan Lins), Dorival Caymmi ("Requebre que Eu Dou um Doce", na voz de Dori Caymmi e com piano de César Camargo Mariano).
Também a produção envolveu os dois países: as bases foram gravadas pelos violonistas em São Paulo, onde Dori também registrou seu vocal; Ivan Lins e o percussionista Armando Marçal gravaram suas participações no Rio; enquanto César Camargo Mariano fez seu registro em Nova York, e os metais americanos que tocam em "When You Dream" foram captados em Los Angeles.
A sonoridade do álbum também busca uma mescla dos estilos. "O pai do Anthony era jazzista, e esse é o universo dele; a música brasileira só entrou há pouco tempo. Já eu sou da música brasileira, e só fui estudar jazz mais tarde", diz Pinheiro.
A idéia, então, foi criar um universo comum, em que ambos se sentissem à vontade. E fazer um diálogo entre jazz e música brasileira que fosse além das realizações da bossa nova. "O que a bossa nova fez foi muito legal, mas já aconteceu bastante coisa depois daquilo", teoriza Pinheiro. "Acho que, aqui, a gente conseguiu construir uma sonoridade mais contemporânea", diz.

"Dono da minha arte"
Essa sonoridade contemporânea marca, assim, o primeiro CD do Buriti, selo independente pelo qual o músico pretende passar a editar seus trabalhos. "Quando terminei o disco, falei com os selos interessados em lançar o trabalho, e as condições que ofereciam não me interessavam", diz Pinheiro.
"Nesta época de mudanças tecnológicas tão rápidas, achei que ter o próprio selo seria a forma mais segura de ser o dono de minha própria arte."
O Buriti não deve trazer só trabalhos de Pinheiro. O compositor define a nova gravadora como uma "cooperativa de músicos", pretendendo abrir espaço para CDs de artistas próximos a ele, como o pianista Fábio Torres e as cantoras Luciana Alves e Tatiana Parra.


CHICO PINHEIRO E ANTHONY WILSON
Quando:
hoje, às 21h; amanhã, às 18h
Onde: Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195, tel. 0/xx/11/3095-9400)
Quanto: R$ 3,50 a R$ 15


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