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Maria João Pires transmite lirismo e vigor de Beethoven
Regida pelo baiano Ricardo Castro, pianista portuguesa se apresentou na quarta-feira em Salvador, com a Orquestra Sinfônica da Bahia
Castro faz sua estréia como regente em noite que teve ainda o astro emergente Jérôme Granjon, que tocou também obras do alemão
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE SALVADOR
O público paulistano tem ouvido o baiano Ricardo Castro
tocar piano com desenvoltura e
classe nos últimos anos, mas
não sabe da guinada que sua
carreira sofreu neste ano. Depois de décadas radicado na
Europa, Castro resolveu voltar
a seu Estado natal, agora como
gestor cultural.
Na última quarta, no teatro
Castro Alves, em Salvador, ele
regeu a Orquestra Sinfônica da
Bahia, que vem tentando se
reestruturar. No programa, o
segundo concerto para piano
de Beethoven, com o astro
emergente Jérôme Granjon como solista; e os concertos para
piano de números 3 e 4 do mesmo compositor alemão, com a
portuguesa Maria João Pires.
Pires tem se apresentado em
duo com Castro nos melhores
palcos do planeta e gravou com
o baiano um elogiado disco pela
prestigiada Deutsche Grammophon. Aclamada como uma
das maiores estrelas do piano
na atualidade, ela também trocou a Europa pela Bahia.
Suas execuções incendiaram
o público, e não sem motivo.
Força dramática, lirismo, vigor:
tudo o que deveria haver nas
obras-primas de Beethoven estava lá, tocado com empenho e
entrega. Completando 40 anos
em 2007, o teatro Castro Alves
aplaudiu de pé.
Granjon se revelou um fino
estilista em sua obra, com rigor
nas articulações e uma clareza
e brilho mozartianos. Castro,
por seu turno, mostrou-se seguro ao dirigir um repertório
que conhece de coração.
O desafio, agora, é levantar a
Sinfônica da Bahia, à qual dedicação não se pode dizer que tenha faltado, mas cuja afinação e
qualidade ainda estão bastante
aquém do que seria de desejar.
Castro está trabalhando duro
pela implantação do Neojibá
(Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia), projeto baseado na bem-sucedida experiência da Venezuela, que, desde 1975, vem utilizando o ensino de música como ferramenta de inclusão social e centro de excelência musical. Daí, talvez, venham a sair,
no futuro, os quadros que darão
à Bahia uma orquestra sinfônica do nível que o Castro Alves
merece.
(IFP)
O jornalista IRINEU FRANCO PERPETUO viajou
a Salvador a convite do teatro Castro Alves.
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