São Paulo, sábado, 15 de dezembro de 2007

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Maria João Pires transmite lirismo e vigor de Beethoven

Regida pelo baiano Ricardo Castro, pianista portuguesa se apresentou na quarta-feira em Salvador, com a Orquestra Sinfônica da Bahia

Castro faz sua estréia como regente em noite que teve ainda o astro emergente Jérôme Granjon, que tocou também obras do alemão

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE SALVADOR

O público paulistano tem ouvido o baiano Ricardo Castro tocar piano com desenvoltura e classe nos últimos anos, mas não sabe da guinada que sua carreira sofreu neste ano. Depois de décadas radicado na Europa, Castro resolveu voltar a seu Estado natal, agora como gestor cultural.
Na última quarta, no teatro Castro Alves, em Salvador, ele regeu a Orquestra Sinfônica da Bahia, que vem tentando se reestruturar. No programa, o segundo concerto para piano de Beethoven, com o astro emergente Jérôme Granjon como solista; e os concertos para piano de números 3 e 4 do mesmo compositor alemão, com a portuguesa Maria João Pires.
Pires tem se apresentado em duo com Castro nos melhores palcos do planeta e gravou com o baiano um elogiado disco pela prestigiada Deutsche Grammophon. Aclamada como uma das maiores estrelas do piano na atualidade, ela também trocou a Europa pela Bahia.
Suas execuções incendiaram o público, e não sem motivo.
Força dramática, lirismo, vigor: tudo o que deveria haver nas obras-primas de Beethoven estava lá, tocado com empenho e entrega. Completando 40 anos em 2007, o teatro Castro Alves aplaudiu de pé.
Granjon se revelou um fino estilista em sua obra, com rigor nas articulações e uma clareza e brilho mozartianos. Castro, por seu turno, mostrou-se seguro ao dirigir um repertório que conhece de coração.
O desafio, agora, é levantar a Sinfônica da Bahia, à qual dedicação não se pode dizer que tenha faltado, mas cuja afinação e qualidade ainda estão bastante aquém do que seria de desejar.
Castro está trabalhando duro pela implantação do Neojibá (Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia), projeto baseado na bem-sucedida experiência da Venezuela, que, desde 1975, vem utilizando o ensino de música como ferramenta de inclusão social e centro de excelência musical. Daí, talvez, venham a sair, no futuro, os quadros que darão à Bahia uma orquestra sinfônica do nível que o Castro Alves merece. (IFP)


O jornalista IRINEU FRANCO PERPETUO viajou a Salvador a convite do teatro Castro Alves.


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