São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DVD

O clássico de 1950, produzido pela MGM e que está fora de circulação desde 73, acaba de chegar ao mercado brasileiro

Musical western "Annie Get Your Gun" é relançado

PAULO CAVALCANTI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os musicais estão pegando uma grande fatia do mercado de DVD. Já está no Brasil, o clássico "Annie Get Your Gun", produção de 1950 e que chega via Warner Video.
"Annie Get Your Gun" (no Brasil, "Bonita e Valente") é um daqueles filmes que todo mundo ouviu falar, mas ninguém assistiu. A fita estava fora de circulação desde 73, última vez em que foi exibida pela TV americana. Também nunca foi lançada em VHS.
O motivo de "Annie" ter ficado na geladeira foram problemas legais envolvendo os herdeiros do compositor Irving Berlin e seus parceiros, os letristas Herbert e Dorothy Fields. Agora a Turner, detentora dos direitos, acertou com os envolvidos e conseguiu trazer de volta o western musical.
O filme conta a história real de Annie Oakley (Betty Hutton), uma garota boa de gatilho, que se torna rainha do festival de Velho Oeste organizado por Buffalo Bill (Louis Calhern). Ela se apaixona pelo atirador Frank Butler (Howard Keel), mas os dois vivem competindo para ver quem é o melhor. No final, Butler dá o braço a torcer para ficar com Annie.
As canções de Berlin se tornaram standards da música americana. Dentre elas: "Doing What Comes Naturally", a trovejante "My Defense Are Down", a romântica "The Girl That I Marry", a politicamente incorreta "I'm an Indian Too" e a bem-humorada "Anything You Do". E, é claro, "There's No Business like Show Business", um dos grandes hinos da classe artística americana.
O filme fez um grande sucesso. Foi a terceira bilheteria no ano de 50, perdendo para "Cinderella" e "As Minas do Rei Salomão". "Annie" faturou 5 milhões de dólares, considerado excelente para a época. Ele também foi indicado para cinco categorias do Oscar, ganhando a de melhor trilha sonora.
Apesar de ter virado um clássico, "Annie" teve produção conturbada. Busby Berkeley e Charles Walter foram contratados inicialmente para dirigir, mas no final a missão acabou ficando para George Sidney. A MGM não quis Ethel Merman, que viveu Annie com tanto sucesso na Broadway.
Em vez disso, colocaram no papel Judy Garland. Mas Judy estava num dos piores momentos de sua vida. Depois de muitas crises, ela foi afastada das filmagens. O DVD traz cenas inacabadas de Judy. A estrela aparece frágil e esganiçada.
O filme não trouxe sorte para Betty Hutton. A atriz, que era contratada da Paramount, acabou sendo emprestada para a Metro. Dois anos depois, ainda participou do épico "O Maior Espetáculo da Terra". Ela só fez mais um filme e, em 1967, depois de muitos casamentos e projetos fracassados, declarou falência.
No fim dos anos 60, Betty teve de sobreviver trabalhando como cozinheira numa instituição católica de Rhode Island. Por 30 anos, ela ficou sem ser vista pelo público. No fim do ano passado, concordou em dar uma entrevista ao canal TNT para falar de Annie. Aos 79 anos, ela ainda demonstra vitalidade e diz que nunca mais assistiu a nenhum de seus filmes.
A versão cinematográfica finalmente pode ser revista, mas a peça sempre esteve em evidência. Desde sua estréia em 1946, "Annie" poucas vezes esteve fora dos palcos americanos. Nos últimos anos, o papel da pistoleira foi vivido por atrizes como Bernadette Peters e Susan Lucci (que aparece como apresentadora no DVD). Atualmente, o papel é defendido na Broadway por Cheryl Ladd.



Texto Anterior: Vida Bandida - Voltaire de Souza: Em silêncio
Próximo Texto: Mais lançamentos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.