São Paulo, quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

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Will Smith enfrenta vampiros virais

Ator diz à Folha que culpa molda seu personagem em "Eu Sou a Lenda", um sobrevivente de epidemia na selva urbana de NY

Smith defende que terceira adaptação do livro de Richard Matheson não é filme de ação, horror ou ficção científica, e sim um drama

EDUARDO SIMÕES
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Em sua passagem pelo Rio para divulgar "Eu Sou a Lenda", que estréia no Brasil sexta-feira, o ator Will Smith não economizou simpatia e disposição. Na entrada dos colegas Francis Lawrence (diretor) e Akiva Goldsman (roteirista e produtor) na entrevista coletiva, anteontem, no Copacabana Palace, o ator gritou "uhus" da coxia e, já à mesa, fez várias piadas. Elogiado como "grande talento" por Goldsman, Smith lembrou ao roteirista que também era "forte, bonito, esperto e sexy". Ninguém se opôs.
Com músculos turbinados, Smith é o terceiro ator a encarnar Robert Neville, o papel principal de "Eu Sou a Lenda", um sobrevivente de uma epidemia viral que dizima a população mundial, salvo os imunes como ele, que vivem ameaçados por uma raça de mutantes, espécie de vampiros.
O filme é baseado no romance homônimo de Richard Matheson, dos anos 50, com uma mudança: o cenário deixa de ser Los Angeles. Quase todo o filme foi rodado em Nova York, durante nove meses de bloqueios de tráfego. A exceção é uma seqüência na Times Square, recriada em estúdio.
"Los Angeles é fantástica em termos literários, mas não é uma cidade tão icônica quanto Nova York", defendeu Goldsman. "E, num dia normal, Los Angeles já parece um lugar abandonado. Queria Nova York, que nunca está quieta."
Em parcos oito minutos de entrevista à Folha, sob o olhar de uma robusta assistente de seu estafe de 34 pessoas, o ator ressaltou que construiu um personagem movido por culpa. Neville promete à filha que acabaria com os "monstros", mas falha.
"Quando Anna [Alice Braga] aparece pela primeira vez, a raiva que Neville sente por ela é porque alguém, ali, sabe que ele falhou. Ao me conectar com essa idéia de culpa, eu moldei o personagem e a história, num movimento de oposição à esperança de Anna", contou Smith.
Aos 39 anos, o ex-rapper, com uma carreira em cinema marcada por comédias e filmes de ação, como "MIB - Homens de Preto" (1997), Smith vem se destacando em dramas como "À Procura da Felicidade" (2006). Segundo ele, experiências traumáticas o têm intrigado como sementes para histórias. "E esta é a primeira vez que faço um personagem tão deslocado da realidade. O filme realmente mostra uma deterioração psicológica", disse.
Smith leu o roteiro de "Eu Sou a Lenda" pela primeira vez há dez anos. Para ele, a essência foi sempre a mesma, em todas as versões. "É a idéia básica, pré-programada em cada humano, quando se tem 1 ano de idade, seus pais o deixam no berço e você se sente o último ser na Terra. A diferença é que não queríamos fazer um filme de gênero. Nem ação, nem ficção científica, nem horror, e sim um drama sobre o último homem na Terra."
Smith também colaborou no roteiro. Ao pesquisar o nome do livro na internet, encontrou citações do disco "Legend", de Bob Marley. O cantor virou diálogo e trilha sonora. Smith deixou escapar que uma pista do fim alternativo do filme, que sairá em DVD, aparece nos últimos seis segundos do primeiro "teaser" lançado pela Warner. Alguém disse YouTube?


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