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Stand-up comedy amplia seu público e lota teatros
Festivais e espetáculos "avulsos" confirmam boa acolhida do gênero no Brasil
Formato em que comediante narra anedotas é importado dos EUA; "Shakespeare
não gera identificação tão instantânea", diz humorista
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
De cara limpa e sem figurino,
num palco nu, um(a) comediante se posta diante do microfone para dar notícia dos pequenos constrangimentos e absurdos da vida familiar, das relações profissionais ou do sexo
-não sem antes debochar de
suas próprias inaptidões.
Marcado pelo despojamento,
o gênero "stand-up comedy"
(comédia em pé, em tradução
literal) é uma commodity americana que, depois de ganhar
espaço na cena brasileira, amplia seu público. Aos adolescentes e jovens adultos que descobriram os humoristas em palcos improvisados de bares (e
divulgaram suas anedotas via
YouTube), tem se somado uma
plateia de todas as idades.
Neste mês, em São Paulo, o
formato inspira dois festivais e
outros dois espetáculos "avulsos" (leia quadro abaixo).
O "boom" aconteceu em
2005, com a criação do Clube
da Comédia Stand-Up na capital paulista e do grupo Comédia
em Pé, no Rio. Marcela Leal,
que se apresenta nas duas mostras do gênero em São Paulo,
diz que "ninguém aguenta mais
passar a semana estressado no
trabalho e ir a uma peça para
chorar" -daí a força do filão.
"O que lota é bobagem"
Para Angela Dip, escalada para 1ª Mostra Paulista do gênero,
a dificuldade de financiar produções com grande elenco e
produção elaborada (em contraponto à praticidade do
stand-up) contribuiu para a
disseminação do formato:
"No stand-up, você chega
cinco minutos antes e pronto. E
ganha muita grana. Dá raiva em
quem trabalha com teatro e
tem de chegar pelo menos uma
hora antes, dar uma aquecida,
botar figurino e maquiagem,
ensaiar, para às vezes ter dez
gatos pingados na plateia. O
pessoal só quer comédia. O que
lota é bobagem".
Um dos precursores do
stand-up no circuito paulistano, Rafinha Bastos diz que "esse tipo de arte tem a cara dos
novos tempos, não tem muita
frescura" e fala diretamente ao
público: "Shakespeare não gera
uma identificação tão instantânea quanto o stand-up".
A maleabilidade do gênero (o
texto é alterado segundo os humores do público) é o grande
atrativo para os comediantes.
"Mas há um lado empobrecedor artisticamente: não é preciso ter voz ou preparação de corpo", pondera Angela.
"Por mais que haja regras,
você pode quebrá-las. Pode rolar uma piada física, uma coisa
corporal", contemporiza Diogo
Portugal, da 1ª Mostra Paulista.
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