São Paulo, sábado, 16 de janeiro de 2010

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Sebos criam estratégias para evitar receptação de livros roubados em SP

DA REPORTAGEM LOCAL

O roubo de livros alimenta tanto as estantes de ladrões aventureiros ou cleptomaníacos quanto uma espécie de mercado negro das letras.
No último caso, seu destino é o troca-troca descuidado de volumes em sebos, camelôs e barracas em feiras de livros.
Muitos livreiros interpretam a preferência de ladrões por best-sellers como uma busca por liquidez de mercado: um sucesso de vendas nas livrarias encontra clientela fora delas com mais facilidade.
Frederico Zapelloni, 39, teve uma barraca de livros na calçada do Espaço Unibanco de Cinema nos anos 90 antes de abrir seu próprio sebo na galeria em frente. Com o tempo, passou a reconhecer que até os tipos mais insuspeitos tentavam revender livros furtados.
"Havia uma senhora de mais ou menos 70 anos que, de tempos em tempos, surgia para revender livros novos, sempre em número reduzido", lembra. "Entre os donos de sebo da região, ela era conhecida como Moll Flanders", diz, em alusão à personagem de Daniel Dafoe que vive de expedientes na Inglaterra do século 18.
Zapelloni criou um sistema em que cataloga todos os que surgem em seu sebo para vender livros. "Quem quer vender livro roubado não vai querer dar endereço e documento."
Para Rubem Sampaio, 69, do sebo Traças e Troços, "o dono de sebo que compra livros de procedência duvidosa está estimulando algo que pode se voltar contra ele no futuro". Sua técnica é não comprar livros usados em pequenas quantidades. "Não compramos dois livros de ninguém. Fazemos negócio com quem chega com 20 ou 30 livros usados justamente para evitar sermos receptadores de produtos roubados."
Rogério Akira, 39, dono do sebo Sagarana, utiliza critérios subjetivos. "Quando desconfio, não compro." Há poucos meses, recebeu a visita do dono da livraria Para Todos, que fica no mesmo quarteirão de sua loja. "Apareceu alguém aí querendo vender dois "Harry Potter'? Sumiram da minha loja", perguntou ele. Ninguém havia passado por ali daquela vez.
Apesar das precauções de alguns, muitos donos de sebos admitem que colegas menos cuidadosos acabam alimentando esse mercado ilegal.
(FM)


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