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Robert Lepage critica narcisismo
PEDRO BUTCHER
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM
Robert Lepage, um dos grandes
encenadores do teatro contemporâneo, é também cineasta eventual. Seus filmes nunca foram distribuídos comercialmente no Brasil, mas alguns de seus espetáculos puderam ser vistos, como "Os
Sete Afluentes do Rio Ota". Seu
quinto longa, "La Face Cachee de
la Lune" (O lado oculto da lua),
versão de uma peça sua, apresentado na seção Panorama, ganhou
prêmio da crítica internacional.
Desde "Le Confessional", de
1994, sua primeira experiência como diretor de cinema, Lepage
busca uma expressão cinematográfica, algo que ele alcança com
plenitude em "La Face...". O próprio diretor admitiu em Berlim:
"De todos os meus filmes, este foi
o que me deixou mais satisfeito.
Eu o fiz com pouco dinheiro e recursos limitados, num processo
próximo ao do teatro".
Na peça, Lepage interpretava
todos os papéis. Na tela, ele se divide entre os protagonistas, os irmãos Phillipe e Andre, que, com
suas neuroses e inseguranças, imprimem doses de humor ao filme.
É evidente que Phillipe e Andre
são duas faces do próprio Lepage.
"Eles trazem, de fato, características minhas. Uma parte de mim é
reservada, tímida; outra é ambiciosa e expansiva. O filme não é
autobiográfico, mas é baseado em
fatos, principalmente da minha
infância e adolescência."
Phillipe é um jovem que enfrenta o luto pela morte da mãe e, em
sua tese de mestrado, defende que
a corrida espacial foi movida pelo
narcisismo.
Lepage demonstra otimismo
com o futuro do cinema. "Há
muito narcisismo na indústria. Os
filmes são incrivelmente auto-referenciais. Mas tem muita gente
fazendo coisas interessantes, como Lars von Trier ou Peter Greenaway."
O crítico Pedro Butcher viajou a convite
da organização do festival
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