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Jovem atriz peruana vivia em cidade tomada pelo Sendero Luminoso
DA ENVIADA A BERLIM
"Meus lábios estão tremendo, mas quero agradecer infinitamente", disse a atriz Magaly
Solier, protagonista de "La Teta
Asustada", quando o filme de
Claudia Llosa ganhou o Urso de
Ouro anteontem.
Solier era uma estudante que
vendia Puca Caliente -prato
peruano à base de batata e carne de porco- nas escadarias de
uma igreja, com a intenção de
arrecadar fundos para sua escola, quando Llosa a avistou.
A diretora estava na região de
Ayacucho, buscando lugares
onde pudesse rodar seu primeiro longa-metragem, "Madeinusa" (2006), que Solier terminou
protagonizando. "Fiquei extremamente impressionada quando a vi. É uma pessoa que tem
uma capacidade de transmitir
muito sentido", afirma Llosa.
Para viver a Fausta de "La
Teta Asustada", a cineasta não
conseguiu pensar em ninguém
mais que Solier. "Ela nasceu em
Guanta, a primeira cidade tomada pelo Sendero Luminoso e
a última que liberaram. Para
mim, uma pessoa com a capacidade emocional de Magaly era a
única que poderia resistir ao
peso de Fausta", disse.
Cantora e compositora, Solier é autora das músicas que
Fausta canta no filme. "O difícil
foi encontrar a expressão dela.
Eu ficava horas ao piano, tocando uma só tecla e procurando
esse tom que fosse da personagem", disse a atriz, após a estreia do filme em Berlim.
Com os lábios trêmulos, Solier dedicou a vitória de "La Teta Asustada" para o seu país e
sua mãe. E cantou na língua indígena quéchua.
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