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Com Dias Gomes, Guel reforça cinema popular
Com R$ 9,8 milhões e apoio da Globo Filmes, diretor filma "O Bem Amado'
Para Guel, implicância com esse tipo de cinema é "suicídio': "Deveria haver mais diretores e autores preocupados em fazer isso"
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Enquanto "Se Eu Fosse Você
2" se aproxima dos 5 milhões
de espectadores, mais um candidato a sucesso nacional de
2009 está em gestação. O filme
"O Bem Amado", que deve estrear entre outubro e dezembro, tem ingredientes comuns a
outros projetos do atual cinema popular brasileiro.
O orçamento é alto para os
nossos padrões (R$ 9,8 milhões); a Globo Filmes e Paula
Lavigne participam da produção; a direção é de Guel Arraes
("Auto da Compadecida", "Lisbela e o Prisioneiro") e a história já é conhecida do público
por meio da TV Globo, canal
em que a peça de Dias Gomes
virou novela e seriado nos anos
70 e 80, respectivamente.
A receita costuma torcer narizes diversos. Guel defende a
vereda popular com ênfase.
"Ela é fundamental para o cinema brasileiro continuar. Não
se pode achar que esse é o único
tipo de cinema que se deve ter,
mas ter implicância com ele é
um suicídio. Deveria haver
mais diretores e autores preocupados em fazer esse tipo de
coisa, senão vai acabar. Não vai
ficar fazendo 60 filmes por ano
para dar menos do que uma peça de teatro cada um", diz.
Ele aponta como positivo o
fato de não haver mais só filmes
infantis entre as maiores bilheterias nacionais. "Hoje, a gente
tem um leque de cinema popular mais interessante. Houve
um desenvolvimento pouco
percebido pela crítica, que trata
os filmes populares como se
eles fossem a mesma merda
desde sempre. Enquanto, talvez, o desenvolvimento do cinema experimental brasileiro
não tenha sido tão interessante
como foi nos anos 60, 70."
Paula Lavigne almeja cerca
de 2,5 milhões de espectadores
para "O Bem Amado" e vê melhores condições para a existência de boas bilheterias nacionais. "Só espero que não venha nos reprimindo a neurose
contra as pessoas que querem
fazer filmes comerciais", diz.
Outra Sucupira
O roteiro de Guel e Cláudio
Paiva tem diferenças em relação às versões da TV, feitas pelo
Dias Gomes. A história se passa
entre 1961 e 64, numa Sucupira
não necessariamente nordestina, há personagens novos, e as
beatas irmãs Cajazeiras (Andréa Beltrão, Drica Moraes e
Zezé Polessa) viram peruas
pioneiras. Matheus Nachtergaele vive Dirceu Borboleta.
Odorico Paraguaçu (Marco
Nanini, que fez o papel no teatro) continua um político corrupto e reacionário, mas não
mais um coronel de sotaque.
"O ridículo dele é menos ser
um coronel atrasado do que ser
um bacharel empolado. Ele usa
casaca, é um cara urbano que
assimilou mal a cultura", diz
Guel, que preservou o sotaque
de Zeca Diabo (José Wilker).
"Na mitologia do Dias, o Zeca é
a justiça bruta do povo, o justiceiro sem consciência social.
Ele é meio arcaico mesmo",
afirma o diretor.
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