São Paulo, terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

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Mônica Bergamo

bergamo@folhasp.com.br

Sorry, periferia

Celebridades nacionais passam fome e raiva com a chegada de Madonna, Paris Hilton e Gerard Butler ao sambódromo

Mastrangelo Reino/Folha Imagem
Madonna, que atrapalhou desfile da Imperatriz na Sapucaí

Com o duelo de flashes concentrado nas loiras Madonna e Paris Hilton, respingando no também internacional Gerard Butler (o astro de "300"), a primeira noite do Carnaval do Rio criou um escalão acima do tradicional -ou seja, degraus além das celebridades brasileiras que costumam vestir camisas de cervejarias em troca do conforto, da boca-livre (e da bajulação) dos camarotes.

 


A presidenciabilíssima Dilma Rousseff entrou para o top 4 do assédio ao exibir na Sapucaí uma súbita vocação carnavalesca. "Eu quero ver os instrumentos de perto, estou curiosa", conta, a caminho da pista, onde dançou com um gari. No camarote do governo do Rio, falou com políticos locais sobre o contagiante tema das alianças partidárias neste ano. "Eu a apresentei para a Madonna como a primeira mulher presidente do Brasil", conta Cabral.

 


A popstar, que entrou no camarote por uma porta quase secreta, vai para a pista cochichando com o namorado, Jesus Luz, e acaba atravessando o samba -o tumulto a seu redor prejudica a evolução da Imperatriz Leopoldinense, mais ainda quando ameaça desfilar sem fantasia. "Vamos perder ponto!", grita, aflito, um integrante da escola.

 


Madonna agora é levada para o camarote da Brahma. Ali, veste a camisa da cervejaria e é instalada numa área isolada. Marlene Araújo, nora do presidente Lula, está lá dentro. A atriz Susana Vieira tenta entrar, acompanhada do namorado, Sandro Pedroso, e da nora Luciana. "Você é diretor do quê?", diz a um homem que impede sua entrada. Depois de alguma conversa, a condição: "É só você". "Sem ele [Sandro], eu não vou.
Se for, vamos todos", responde Susana. Ela é atendida, mas a nora fica para trás. Minutos depois, a atriz volta para buscá-la. Mais sorte deram Marcus Buaiz e Wanessa, que trocaram algumas palavras com a popstar. "Eu só disse "Hi'", ela conta. "Tive a chance de ver uma pessoa que eu admiro. E Jesus é supersimples. A gente vê que todo mundo é igual, filho de Deus."

 


Depois de se acomodar no chão -de onde não se via o desfile-, Madonna reclamou de dores nos pés, por causa do salto, e foi escoltada até um pufe. Os seguranças obstruíam as tentativas de foto. Um convidado grita: "Aqui não tem peão de favela. Todo mundo é diferenciado!" Ela vai embora à 1h40.

 


Do outro lado do sambódromo, Paris Hilton está no camarote da Devassa. Cercada por um cordão humano de isolamento, vai direto com o namorado e seu entourage para a frisa. O estilista Walério Araújo sai correndo e dá um cutucão na socialite americana. "Hi, Paris!" (oi, Paris). Ela o vê e acena com um sorriso pouco convincente e um tchauzinho ao estilo miss. Horas antes, o estilista esteve com a herdeira da rede de hotéis Hilton para levar as roupas que customizou a partir da camiseta-convite com o logo da cerveja. "A Paris só pediu para não ter barriga de fora", diz.

 


Paris chega à primeira fila da frisa, bem rente à passarela. Vira de costas para a escola de samba e posa para fotos segurando uma lata da bebida. Chama o namorado e os dois trocam beijos para as câmeras. Ao fundo, um convidado grita: "Vai, Paris, canta! Sing, Paris!". É o ator Bruno Garcia, que parece não gostar nada do alvoroço. "This is samba, Paris!"

 


A caravana Hilton segue, fechando a escada que dá acesso ao andar onde está o bufê Fasano. "Mas isso é sacanagem, gente! Ninguém quer ir em cima dela, a gente quer comer!", esbraveja a atriz Rita Guedes. "Vamos pra Brahma!", diz. Outras duas convidadas gritam: "Brahma! Brahma!"

 


Dira Paes pergunta para uma fotógrafa: "Ué, cadê a Paris? Sabia que ela foi chamada de Lady Kate? (personagem do "Zorra Total", cujo bordão é "Grana eu tenho, só me falta-me o gramur [sic]')". Dira encontra o ator Duda Nagle, impedido de subir, e resmunga: "Agora não pode. A Lady Kate tá descendo".

 


Na temporada "USA in Rio", quem tem boas conexões faz questão de exibi-las. Nicole Bahls, dançarina do "Pânico na TV", balança a cabeça afirmativamente ao ser perguntada se está namorando o cantor Akon, com quem ficou na passagem dele pelo Brasil, em janeiro. "Ele está em Atlanta, não pôde vir." Os dois se viram depois que ele partiu? "Ainda não."

 


Conexão mais sólida tem o ator Rodrigo Santoro. Ao ser perguntado sobre o ator Gerard Butler, que chama de "Gerry", diz: "Fala com ele, é supergente-boa. Não sou porta-voz dele". Um amigo oferece um copo de chope, mas Butler recusa o gole. A coluna fala com ele:

 

FOLHA - Não gosta de cerveja?
GERARD BUTLER
- Eu não bebo.

FOLHA - Nada?
BUTLER
- Eu costumava beber bastante, mas parei [em 2000, após problemas com abuso de álcool]. Você sabe que eu só descobri que a Brahma era uma bebida na semana passada? Foi quando estava acertando a minha vinda e falaram que eu teria que vestir a camiseta. Aí, vi que se tratava de álcool!

FOLHA - E você tirou fotos do Ronaldo. É fã?
BUTLER
- Ah, sim. Ele é incrível, um grande cara. Gosto de futebol. Torço para o Celtic (Escócia). Costumava jogar e acompanhar futebol, mas agora, morando em Los Angeles, é muito difícil achar um jogo para ver. A televisão não mostra. É só baseball, futebol americano... E eu odeio todos esses esportes!

 


Apontado como namorado de Jennifer Aniston, Butler está solto no Carnaval. Troca olhares com a atriz Giselle Itié e sofre marcação cerrada de Juliana Barbosa, cantora da boate carioca Pink, que conversa com as mãos nos ombros, na cintura e até no traseiro do ator, beliscado enquanto ele dança de costas para ela. Ela se apresenta como "amiga" de Butler. De muito tempo? Silêncio. (DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e DANIEL BERGAMASCO, do Rio)

com ADRIANA KÜCHLER



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