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Emocionada, Zélia lembra encontro de Amado com Polanski e Nicholson
DA ENVIADA A BAHIA
Jorge Amado ficou conhecido não só por seus romances, mas por ter um punhado
de amigos e conhecidos famosos espalhados pelo mundo, de Diego Rivera a Pablo
Neruda, de Jean-Paul Sartre
a Gabriel García Márquez.
A casa em que viveu com a
mulher, a também escritora
Zélia Gattai, no Rio Vermelho, em Salvador, era ponto
de encontro de personalidades de várias nacionalidades.
Um dia, Roman Polanski
telefonou, disse que estava
na cidade e que queria ver
Amado. O casal se surpreendeu quando o cineasta polonês chegou com um amigo
que usava um chapéu que lhe
encobria a face. "Não imaginávamos como Polanski conhecia sua obra. Então ele
explicou que, quando menino, na Polônia comunista, só
havia livros políticos e anticapitalistas para ler. E que
Amado era o único romancista traduzido para o polonês que falava de amor, sexo,
coisas humanas", diz Zélia.
Jorge e a mulher gostaram
da visita, mas se surpreenderam ao ler uma nota no jornal do dia seguinte, que contava que Polanski estivera na
Bahia.... com Jack Nicholson! "Ele foi à minha casa e
eu não o reconheci! Justo o
Jack Nicholson!", conta a
viúva hoje, dando risada.
Essa é só uma das muitas
histórias que conta a quem a
visita no apartamento no
qual vive desde que deixou a
casa em que morou com
Amado por quase 40 anos.
Enferma, Zélia já não tem
agilidade, mas não se furta a
levantar-se para mostrar, orgulhosa, os quadros de sua
coleção -há Di Cavalcanti,
Picasso, Rivera e outros.
E, com um sorriso comovente no rosto, conta que está escrevendo um novo romance. "Acabo de começar.
Ainda tem só 20 páginas,
mas estou feliz com ele."
(SC)
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