São Paulo, domingo, 16 de março de 2008

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Emocionada, Zélia lembra encontro de Amado com Polanski e Nicholson

DA ENVIADA A BAHIA

Jorge Amado ficou conhecido não só por seus romances, mas por ter um punhado de amigos e conhecidos famosos espalhados pelo mundo, de Diego Rivera a Pablo Neruda, de Jean-Paul Sartre a Gabriel García Márquez.
A casa em que viveu com a mulher, a também escritora Zélia Gattai, no Rio Vermelho, em Salvador, era ponto de encontro de personalidades de várias nacionalidades.
Um dia, Roman Polanski telefonou, disse que estava na cidade e que queria ver Amado. O casal se surpreendeu quando o cineasta polonês chegou com um amigo que usava um chapéu que lhe encobria a face. "Não imaginávamos como Polanski conhecia sua obra. Então ele explicou que, quando menino, na Polônia comunista, só havia livros políticos e anticapitalistas para ler. E que Amado era o único romancista traduzido para o polonês que falava de amor, sexo, coisas humanas", diz Zélia.
Jorge e a mulher gostaram da visita, mas se surpreenderam ao ler uma nota no jornal do dia seguinte, que contava que Polanski estivera na Bahia.... com Jack Nicholson! "Ele foi à minha casa e eu não o reconheci! Justo o Jack Nicholson!", conta a viúva hoje, dando risada.
Essa é só uma das muitas histórias que conta a quem a visita no apartamento no qual vive desde que deixou a casa em que morou com Amado por quase 40 anos.
Enferma, Zélia já não tem agilidade, mas não se furta a levantar-se para mostrar, orgulhosa, os quadros de sua coleção -há Di Cavalcanti, Picasso, Rivera e outros.
E, com um sorriso comovente no rosto, conta que está escrevendo um novo romance. "Acabo de começar. Ainda tem só 20 páginas, mas estou feliz com ele." (SC)


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