São Paulo, segunda-feira, 16 de março de 2009

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Jungle estreia com comédia dramática

Em "Amanhã Nunca Mais", seu primeiro filme, artista dirige Lázaro Ramos e diz que quer só "contar uma boa história"

Filme narra uma noite que muda a vida de um anestesista; próximo projeto será baseado em livro inédito de Mutarelli

FERNANDA EZABELLA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Bem que Tadeu Jungle se sentiu tentado. Mas ele promete apenas contar uma história, sem cair em experimentalismos de artista, em seu primeiro longa-metragem, "Amanhã Nunca Mais". A comédia dramática está sendo rodada em São Paulo, com Lázaro Ramos como protagonista. A estreia deve ser no final do ano.
Jungle é publicitário e artista multimídia, com trabalhos em vídeo, poesia, performance e fotografia. Também fez TV, criando programas de linguagem inovadora nos anos 80.
"Quero contar uma boa história. Não estou fazendo um filme de arte", avisa o diretor paulistano, 52, após filmagens numa casa no bairro do Butantã. "Se meus experimentalismos vierem para frente e começarem a atrapalhar a história, não me interessam mais."
O filme narra uma noite que muda a vida do anestesista Walter (Ramos), um homem de classe média entediado e que trabalha em três hospitais para sustentar a mulher e a filha.
Apesar da negativa de Jungle, Ramos vê certo experimentalismo nos enquadramentos do diretor, talvez uma resposta ao frescor de se fazer o primeiro filme. E o ator sabe da diferença de trabalhar com estreantes. Ele estava na primeira vez de Karim Aïnouz ("Madame Satã"), Sérgio Machado ("Cidade Baixa") e Paulo Betti ("Cafundó"), além da segunda de Jorge Furtado ("O Homem que Copiava").
"Tem uma energia diferente, uma liberdade maior", diz Ramos, 30, sobre as experiências. "Às vezes, [o experiente] fica preso na sua expectativa, falta um jogo para o que a rotina está te propondo. Enquanto o cara novo tem o olhar mais aberto, quer captar tudo."
Ramos passou três dias num hospital, seguindo um anestesista, como preparação para o filme, ambientado na zona leste. É um homem de rotinas, que evita conflitos e segue regras, mas tem a vida transformada quando recebe a missão de encarar o trânsito atrás de um bolo para o aniversário da filha.
É aí que entra Maria Luisa Mendonça, no papel de uma judia solitária. Ela mora numa casa repleta de quinquilharias, onde Walter vai parar quando acaba a gasolina de seu carro. "Ela é carente de um amor e projeta naquele homem esse amor. É uma situação estranha", diz Mendonça, 39.
O filme conta também com Fernanda Machado e Milhem Cortaz. Foi orçado em R$ 2 milhões e tem distribuição da Fox Film do Brasil. As filmagens, que vão durar mais três semanas, começaram na Praia Grande (litoral sul de SP), com 90 figurantes. O processo está sendo registrado em um blog (amanhanuncamais.com.br/blog).
O roteiro original teve 16 versões e foi escrito a seis mãos, incluindo Jungle, uma experiência que ele não pretende repetir tão cedo. Quer trabalhar com uma história já pronta, como fará em seu próximo filme, baseado no livro inédito de Lourenço Mutarelli, "Miguel e os Demônios", a ser lançado neste ano pela Companhia das Letras. Segundo Jungle, o livro fala sobre um investigador que não gosta de matar.
"Esse filme sobre o Miguel com certeza é mais autoral, mais indie do que o "Amanhã". É mais estranhão, bem Mutarelli. Esse de agora é uma comédia, outra pegada", explica.


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