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Jungle estreia com comédia dramática
Em "Amanhã Nunca Mais", seu primeiro filme, artista dirige Lázaro Ramos e diz que quer só "contar uma boa história"
Filme narra uma noite
que muda a vida de um
anestesista; próximo
projeto será baseado em
livro inédito de Mutarelli
FERNANDA EZABELLA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Bem que Tadeu Jungle se
sentiu tentado. Mas ele promete apenas contar uma história,
sem cair em experimentalismos de artista, em seu primeiro
longa-metragem, "Amanhã
Nunca Mais". A comédia dramática está sendo rodada em
São Paulo, com Lázaro Ramos
como protagonista. A estreia
deve ser no final do ano.
Jungle é publicitário e artista
multimídia, com trabalhos em
vídeo, poesia, performance e
fotografia. Também fez TV,
criando programas de linguagem inovadora nos anos 80.
"Quero contar uma boa história. Não estou fazendo um filme de arte", avisa o diretor paulistano, 52, após filmagens numa casa no bairro do Butantã.
"Se meus experimentalismos
vierem para frente e começarem a atrapalhar a história, não
me interessam mais."
O filme narra uma noite que
muda a vida do anestesista
Walter (Ramos), um homem de
classe média entediado e que
trabalha em três hospitais para
sustentar a mulher e a filha.
Apesar da negativa de Jungle,
Ramos vê certo experimentalismo nos enquadramentos do
diretor, talvez uma resposta ao
frescor de se fazer o primeiro
filme. E o ator sabe da diferença
de trabalhar com estreantes.
Ele estava na primeira vez de
Karim Aïnouz ("Madame Satã"), Sérgio Machado ("Cidade
Baixa") e Paulo Betti ("Cafundó"), além da segunda de Jorge
Furtado ("O Homem que Copiava").
"Tem uma energia diferente,
uma liberdade maior", diz Ramos, 30, sobre as experiências.
"Às vezes, [o experiente] fica
preso na sua expectativa, falta
um jogo para o que a rotina está
te propondo. Enquanto o cara
novo tem o olhar mais aberto,
quer captar tudo."
Ramos passou três dias num
hospital, seguindo um anestesista, como preparação para o
filme, ambientado na zona leste. É um homem de rotinas, que
evita conflitos e segue regras,
mas tem a vida transformada
quando recebe a missão de encarar o trânsito atrás de um bolo para o aniversário da filha.
É aí que entra Maria Luisa
Mendonça, no papel de uma judia solitária. Ela mora numa casa repleta de quinquilharias,
onde Walter vai parar quando
acaba a gasolina de seu carro.
"Ela é carente de um amor e
projeta naquele homem esse
amor. É uma situação estranha", diz Mendonça, 39.
O filme conta também com
Fernanda Machado e Milhem
Cortaz. Foi orçado em R$ 2 milhões e tem distribuição da Fox
Film do Brasil. As filmagens,
que vão durar mais três semanas, começaram na Praia Grande (litoral sul de SP), com 90 figurantes. O processo está sendo registrado em um blog
(amanhanuncamais.com.br/blog).
O roteiro original teve 16 versões e foi escrito a seis mãos, incluindo Jungle, uma experiência que ele não pretende repetir
tão cedo. Quer trabalhar com
uma história já pronta, como
fará em seu próximo filme, baseado no livro inédito de Lourenço Mutarelli, "Miguel e os
Demônios", a ser lançado neste
ano pela Companhia das Letras. Segundo Jungle, o livro fala sobre um investigador que
não gosta de matar.
"Esse filme sobre o Miguel
com certeza é mais autoral,
mais indie do que o "Amanhã". É
mais estranhão, bem Mutarelli.
Esse de agora é uma comédia,
outra pegada", explica.
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