São Paulo, segunda-feira, 16 de março de 2009

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Álbum traz "causo em quadrinho"

Em "A Comadre do Zé", o quadrinista Luciano Irrthum estreia com HQ inspirada em conto popular

PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Toda cidade do interior tem seus contadores de causos, que narram histórias passadas de uma geração para outra: são fábulas, normalmente bem-humoradas, que trazem histórias do cotidiano, como nascimentos e mortes, temperadas com um "algo a mais" de fantasia. E é em ritmo de causo que o quadrinista Luciano Irrthum, mineiro de João Monlevade, faz sua estreia em livros, com o lançamento do álbum "A Comadre do Zé".
A história se passa em uma cidade não-identificada do interior brasileiro, e o protagonista é um homem chamado Zé, definido pelo autor como "um desses caras que se vê no interior, que resolve tudo com o jeitinho brasileiro". Ou seja:
um tipo de malandro. Não que ele tente levar vantagem em tudo, mas é alguém esperto e que reage com velocidade diante dos imprevistos da vida.
No começo da história, o Zé do título, que já tem uma numerosa prole, será pai mais uma vez. Como todos seus conhecidos na pequena vila em que mora já são padrinhos de seus filhos, ele fica sem ter quem convidar para apadrinhar o caçula. Por fim, ele chama um forasteiro que não conhecia para padrinho e, para madrinha, acaba convidando... a Morte. E é nesse ponto que a HQ assume ares de causo.
"Esse é um conto popular que li há muito tempo num livro que meu avô me deu", conta Irrthum. "Comecei a desenhá-la há seis anos, mas desisti. No ano passado, um editor me procurou com uma sugestão para uma história em quadrinhos: e era outra versão desse conto."

Outra versão
Versões dessa história já foram publicadas em antologias de contos populares brasileiros com o título "O Compadre da Morte". O texto, entretanto, foi modificado nesta adaptação.
"Ficou só a raiz: o resto são bifurcações que desenvolvi", conta o quadrinista. Entre outras coisas, Irrthum alterou o final.
"Sempre tive vontade de fazer uma história regional", conta Irrthum. "Antes de definir o tema, queria fazer uma ficção científica. No fim, acabei mesclando um pouco dos dois."
Irrthum, 36, já publica história em quadrinhos desde 1994.
Questionado sobre suas maiores influências, ele cita Lourenço Mutarelli, Flavio Colin, Marcelo Lelis e Ziraldo -não por acaso, todos quadrinistas nacionais. "O brasileiro não valoriza sua cultura", diz o mineiro sobre a escolha do tema. "Mas isso está mudando: há muitos lançamentos de quadrinhos feitos por artistas brasileiros."


A COMADRE DO ZÉ Autor: Luciano Irrthum
Editora: Graffiti 76% Quadrinhos
Quanto: R$ 20 (72 págs.)



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