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Álbum traz "causo em quadrinho"
Em "A Comadre do Zé", o quadrinista Luciano Irrthum estreia com HQ inspirada em conto popular
PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Toda cidade do interior tem
seus contadores de causos, que
narram histórias passadas de
uma geração para outra: são
fábulas, normalmente bem-humoradas, que trazem histórias
do cotidiano, como nascimentos e mortes, temperadas com
um "algo a mais" de fantasia. E
é em ritmo de causo que o
quadrinista Luciano Irrthum,
mineiro de João Monlevade,
faz sua estreia em livros, com
o lançamento do álbum "A
Comadre do Zé".
A história se passa em uma
cidade não-identificada do interior brasileiro, e o protagonista é um homem chamado
Zé, definido pelo autor como
"um desses caras que se vê no
interior, que resolve tudo com
o jeitinho brasileiro". Ou seja:
um tipo de malandro. Não que
ele tente levar vantagem em
tudo, mas é alguém esperto e
que reage com velocidade diante dos imprevistos da vida.
No começo da história, o Zé
do título, que já tem uma numerosa prole, será pai mais
uma vez. Como todos seus conhecidos na pequena vila em
que mora já são padrinhos de
seus filhos, ele fica sem ter
quem convidar para apadrinhar o caçula. Por fim, ele chama um forasteiro que não conhecia para padrinho e, para
madrinha, acaba convidando...
a Morte. E é nesse ponto que a
HQ assume ares de causo.
"Esse é um conto popular
que li há muito tempo num livro que meu avô me deu", conta
Irrthum. "Comecei a desenhá-la há seis anos, mas desisti. No
ano passado, um editor me procurou com uma sugestão para
uma história em quadrinhos: e
era outra versão desse conto."
Outra versão
Versões dessa história já foram publicadas em antologias
de contos populares brasileiros
com o título "O Compadre da
Morte". O texto, entretanto, foi
modificado nesta adaptação.
"Ficou só a raiz: o resto são bifurcações que desenvolvi", conta o quadrinista. Entre outras
coisas, Irrthum alterou o final.
"Sempre tive vontade de fazer uma história regional", conta Irrthum. "Antes de definir o
tema, queria fazer uma ficção
científica. No fim, acabei mesclando um pouco dos dois."
Irrthum, 36, já publica história em quadrinhos desde 1994.
Questionado sobre suas maiores influências, ele cita Lourenço Mutarelli, Flavio Colin, Marcelo Lelis e Ziraldo -não por
acaso, todos quadrinistas nacionais. "O brasileiro não valoriza sua cultura", diz o mineiro
sobre a escolha do tema. "Mas
isso está mudando: há muitos
lançamentos de quadrinhos
feitos por artistas brasileiros."
A COMADRE DO ZÉ
Autor: Luciano Irrthum
Editora: Graffiti 76% Quadrinhos
Quanto: R$ 20 (72 págs.)
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