São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2008

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João Gilberto volta com 4 shows em SP, Rio e BA

Nome central da bossa nova vai se apresentar ainda em Nova York e no Japão

Em SP, João tem shows marcados para agosto, no Auditório Ibirapuera; no Rio, apresentações acontecem no Teatro Municipal

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Chega de saudade. Os 50 anos da bossa nova não seriam cinqüentenário sem ele: cada vez mais longe dos palcos, João Gilberto, anunciou-se ontem, fará quatro apresentações no Brasil, como parte das comemorações em torno da bossa nova, da qual o músico baiano de Juazeiro é considerado um dos fundadores.
Os concertos -como sua meticulosidade própria costuma dizer- serão entre agosto e setembro em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Salvador.
Essa série brasileira complementa as apresentações no exterior, anunciadas anteriormente. João Gilberto também leva o banquinho e o violão a Nova York, em concerto único em 22 de junho no Carnegie Hall -onde fez espetáculo histórico com Tom Jobim, em 1962, e onde também já resmungou contra o som e o ar gelado que lhe soprava o rosto, há quatro anos-, e a Tóquio, para três atuações em novembro.
Em São Paulo, os shows estão previstos para os dias 14 e 15 de agosto, no Auditório Ibirapuera. No Rio, será no Teatro Municipal, em 24 de agosto. E, em sua Bahia natal, em 5 de setembro, no Teatro Castro Alves.
Ainda não foram revelados os preços dos poucos ingressos (a lotação do Auditório Ibirapuera é de cerca de 800 pessoas). A previsão é a de que comecem a ser vendidos no mês de junho.
E, como de costume, o repertório também não foi divulgado, o que importa pouco. Há quem considere que ele faz sempre o mesmo show (seja no Carnegie Hall, seja em Tóquio) e outros tantos acreditam que cada apresentação do papa da bossa é única e irreproduzível.
A produção do show no Brasil é de Monique Gardenberg, da Dueto Produções, do Free Jazz Festival, e vem no pacote do banco Itaú que trouxe Milton Nascimento e o Jobim Trio com o "Novas Bossas".
Cristiane Magalhães, diretora de marketing do Itaú, desconversa ao ser perguntada sobre cachê e custo de patrocínio.

"Canção do Amor Demais"
A bossa nova faz 50 anos. Em maio de 1958, o álbum "Canção do Amor Demais", de Elizeth Cardoso, foi lançado com músicas de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, e o violão de João Gilberto em duas faixas.
O marco central, no entanto, é outro. Em julho daquele ano, o cantor gravou um compacto com "Chega de Saudade" e "Bimbom", que se tornariam clássicos, e revelou um novo jeito de cantar e tocar violão, revolucionário para a época, sem vibratos, sem excessos.
Músico recluso e perfeccionista, João Gilberto não costuma dar entrevistas e seus shows são cada vez mais raros. Suas últimas apresentações em São Paulo aconteceram em 2003, no Tom Brasil Nações Unidos (atual HSBC Brasil).
Em uma daquelas apresentações, um espectador perguntou: "João, existe a perfeição?". Ele respondeu: "Não, mas a imperfeição me incomoda muito".


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