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João Gilberto volta com 4 shows em SP, Rio e BA
Nome central da bossa nova vai se apresentar ainda em Nova York e no Japão
Em SP, João tem shows marcados para agosto, no Auditório Ibirapuera; no Rio, apresentações acontecem no Teatro Municipal
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Chega de saudade. Os 50
anos da bossa nova não seriam
cinqüentenário sem ele: cada
vez mais longe dos palcos, João
Gilberto, anunciou-se ontem,
fará quatro apresentações no
Brasil, como parte das comemorações em torno da bossa
nova, da qual o músico baiano
de Juazeiro é considerado um
dos fundadores.
Os concertos -como sua meticulosidade própria costuma
dizer- serão entre agosto e setembro em São Paulo, no Rio de
Janeiro e em Salvador.
Essa série brasileira complementa as apresentações no exterior, anunciadas anteriormente. João Gilberto também
leva o banquinho e o violão a
Nova York, em concerto único
em 22 de junho no Carnegie
Hall -onde fez espetáculo histórico com Tom Jobim, em
1962, e onde também já resmungou contra o som e o ar gelado que lhe soprava o rosto, há
quatro anos-, e a Tóquio, para
três atuações em novembro.
Em São Paulo, os shows estão
previstos para os dias 14 e 15 de
agosto, no Auditório Ibirapuera. No Rio, será no Teatro Municipal, em 24 de agosto. E, em
sua Bahia natal, em 5 de setembro, no Teatro Castro Alves.
Ainda não foram revelados
os preços dos poucos ingressos
(a lotação do Auditório Ibirapuera é de cerca de 800 pessoas). A previsão é a de que comecem a ser vendidos no mês
de junho.
E, como de costume, o repertório também não foi divulgado, o que importa pouco. Há
quem considere que ele faz
sempre o mesmo show (seja no
Carnegie Hall, seja em Tóquio)
e outros tantos acreditam que
cada apresentação do papa da
bossa é única e irreproduzível.
A produção do show no Brasil é de Monique Gardenberg,
da Dueto Produções, do Free
Jazz Festival, e vem no pacote
do banco Itaú que trouxe Milton Nascimento e o Jobim Trio
com o "Novas Bossas".
Cristiane Magalhães, diretora de marketing do Itaú, desconversa ao ser perguntada sobre cachê e custo de patrocínio.
"Canção do Amor Demais"
A bossa nova faz 50 anos. Em
maio de 1958, o álbum "Canção
do Amor Demais", de Elizeth
Cardoso, foi lançado com músicas de Tom Jobim e Vinicius de
Moraes, e o violão de João Gilberto em duas faixas.
O marco central, no entanto,
é outro. Em julho daquele ano,
o cantor gravou um compacto
com "Chega de Saudade" e
"Bimbom", que se tornariam
clássicos, e revelou um novo
jeito de cantar e tocar violão,
revolucionário para a época,
sem vibratos, sem excessos.
Músico recluso e perfeccionista, João Gilberto não costuma dar entrevistas e seus shows
são cada vez mais raros. Suas
últimas apresentações em São
Paulo aconteceram em 2003,
no Tom Brasil Nações Unidos
(atual HSBC Brasil).
Em uma daquelas apresentações, um espectador perguntou: "João, existe a perfeição?".
Ele respondeu: "Não, mas a imperfeição me incomoda muito".
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