JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

Desde dezembro passado, a região do Tatuapé, na zona leste, abriga mais um restaurante com ares zona sul -de arquitetura ousada, atmosfera elegante e cozinha decalcada naquela de vários restaurantes de prestígio da cidade.
Compondo um conjunto bem agradável, a nova casa se chama Vero. Foi criada por um grupo que possui quatro outros empreendimentos (dois restaurantes, uma lanchonete e um bar) no mesmo bairro.
Tal grupo é composto pelos sócios Daniel Darini, 25, Rogério Teixeira de Faria, 33, e Ricardo Gianuzzi, 37, que nove anos atrás iniciaram sua parceria inaugurando o bar O Padroeiro, ainda em atividade.
O Vero é uma caixa transparente de dois andares, dominada pelo aço e pelo vidro, com salão principal em dois ambientes, no térreo, e uma espera confortável, no mezanino. A cozinha está a cargo do chef Mairton Oliveira, 32, na profissão há 11 anos, parte dos quais trabalhando em casas do grupo Fasano. Sua trajetória permitiu aos proprietários do Vero dar-lhe um perfil de cozinha italiana tradicional com algumas tinturas sofisticadas ou modernas -como se vê em pratos como o bolinho de ragu de pato, agneloti de robalo com molho de camarão ou na combinação extravagante de ingredientes no risoto de abóbora, camarão e parmesão.
O acabamento dos pratos requer atenção, como no caso da salada de salmão defumado com maçã e iogurte, alface, rúcula, hortelã e erva-doce -uma espécie de salpicão encimada pelo peixe praticamente congelado. Melhor o espaguete com frutos do mar, em que o molho tem um toque de especiaria e as lulas e camarões não chegaram a passar do ponto (mas quase).
O linguado com molho de laranja e uva com arroz selvagem estava equilibrado, a laranja tinha sua essência no molho, sem dominar ou adocicar o conjunto. Pedidas malpassadas, as costeletas de cordeiro com crosta de ervas vieram ao ponto; e no ponto estava o risoto de funghi secchi. Na sobremesa, a panacota não tinha muito gosto, salva pela calda de frutas vermelhas. A atração da casa é a trimousse, com chocolate ao leite, branco e amargo, nada especial.

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