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Com olhos no chão
HELOISA SEIXAS
Caminhavam de cabeça
baixa. Andava sempre assim, com a vista pregada no
chão. As amigas a criticavam por isso, mas só ela sabia as vantagens daquele
andar. Reparava em coisas
que ninguém mais notava.
Naquele instante mesmo,
parada junto ao meio-fio,
acabara de encontrar um de
seus tesouros. No chão, a
luz incidia sobre uma tampa de bueiro onde jazia um
resto de água da chuva.
Com isso, água e ferro se tinham fundido numa só
matéria brilhante, que parecia emanar poder. E, no
centro do tampão, como se
fosse uma legenda, estava
escrito: força e luz.
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