São Paulo, quinta, 16 de abril de 1998

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Com olhos no chão

HELOISA SEIXAS

Caminhavam de cabeça baixa. Andava sempre assim, com a vista pregada no chão. As amigas a criticavam por isso, mas só ela sabia as vantagens daquele andar. Reparava em coisas que ninguém mais notava. Naquele instante mesmo, parada junto ao meio-fio, acabara de encontrar um de seus tesouros. No chão, a luz incidia sobre uma tampa de bueiro onde jazia um resto de água da chuva. Com isso, água e ferro se tinham fundido numa só matéria brilhante, que parecia emanar poder. E, no centro do tampão, como se fosse uma legenda, estava escrito: força e luz.



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