São Paulo, quinta, 16 de abril de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bem-vindo aos anos oitenta
Capital e Bonfá retomam pop candango

Patricia Santos/Folha Imagem
Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, que integravam a Legião Urbana; Bonfá, ex-baterista da banda, prepara disco solo


ALEXANDRE LOURES
das Regionais

Com a volta do Capital Inicial e o anúncio do primeiro disco solo de Marcelo Bonfá, ex-baterista da Legião Urbana, o pop de Brasília ensaia uma volta à cena.
Outra banda do planalto que planeja um retorno é a Plebe Rude, mas, segundo o produtor Pedro Vianna, os "plebeus" não conseguiram se reunir a tempo de ensaiar, adiando o reencontro.
O pontapé inicial deve ser dado no próximo dia 17, no aniversário de Brasília, com shows do Capital Inicial e outras bandas locais, como os Raimundos (ainda não confirmada).
Em seguida, o Capital deve fazer cerca de 18 shows pelo país, em comemoração aos 15 anos do início da carreira da banda.
Está planejado também um disco com "remixes" de seus principais sucessos, como "Belos e Malditos" e "Música Urbana".
"A idéia é regravar as músicas e entregar para pessoas antenadas com os novos estilos, como Edu K, Edi, Mitar Subotic e Apolo", afirma Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial.
O disco deve ficar pronto nos próximos três meses. Tudo depende de um acordo com a Polygram, que detém os direitos de gravação das canções.
Disco inédito deve ficar para o final deste ano. Antes, o conjunto precisa acertar um contrato com uma nova gravadora.
Segundo Felipe Lemos, baterista, o Capital já recebeu propostas de quatro da cinco grandes gravadoras instaladas no país.
Primeiro solo
Outra novidade vinda da célula musical que levou notoriedade ao rock de Brasília dos anos oitenta é a composição do primeiro disco pós-Legião de Marcelo Bonfá.
"Compus uma série de músicas no teclado e desenvolvi as dez que mais gostei", explica.
Além das melodias, Bonfá será responsável pelas letras e pelos vocais das canções. Para isso, ele já está tomando aulas de canto.
"Estou me aventurando em terreno pantanoso, mas, como bom aquariano, não posso fugir dos desafios", afirma.
Bonfá não tem contrato assinado com nenhuma gravadora e diz que vai esperar o disco tomar forma para pensar nesse assunto.
"Ainda falta muita coisa, eu pretendo colocar baixo, bateria e guitarra, além de algumas coisas eletrônicas nas músicas", diz.
Como influências de seu trabalho solo ele cita Oasis, The Verve e Depeche Mode, além de outros "sons eletrônicos".
Quanto à inevitável comparação com a Legião, o baterista é enfático: "Não tem nada a ver com o meu trabalho anterior, a Legião tinha uma preocupação com as mensagens e eu quero fazer música para entretenimento", diz.
Apesar disso, Bonfá fez todas as canções da nova safra no teclado, como fazia na época da Legião. "Eu e o Dado (guitarrista da Legião) compunhamos em casa e mandávamos as músicas para o Renato (Russo) escolher."
Outro resquício da antiga banda que Bonfá carrega é o estigma do sucesso. "Eu me acostumei com o sucesso durante todos esses anos de Legião e quero continuar fazendo coisas que as pessoas gostem, que toquem no rádio e tudo", diz.
Ele também admite que o gênio dominador de Renato Russo inibia a participação dos parceiros e diminuía o espaço deles na criação do trabalho.
O disco de Bonfá deve contar também com algumas letras de Alvin L. (ex-sex Beatles e agora em carreira solo). A participação de Dado Villa-Lobos não está descartada.
"O Alvin ficou de me mandar duas letras. Já com o Dado não falei nada ainda, mas pode ser que eu o convide para fazer algo no meu disco. Quero pensar nas participações só na reta final", diz.
Bonfá pretende concluir as composições em julho para começar o trabalho de estúdio. "Eu não gosto de futebol mesmo, então vou aproveitar a Copa para fazer música", afirma.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.