São Paulo, Sexta-feira, 16 de Abril de 1999
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PERFORMANCE
Roberta Close vai à boca

ARMANDO ANTENORE
da Reportagem Local

"É engano. Não há Roberta aqui." E bateu o telefone.
Mas como não havia Roberta? O número discado estava correto, e o sotaque do homem que esbravejara não deixava dúvidas: Roland, o marido suíço de Roberta, atendera a ligação e atacava de cão de guarda.
Ciúme? Se for, pobre Roland, porque hoje, às 21h, sua Roberta -a Roberta Close dos brasileiros- vai se exibir no teatro Orion, um dos mais antigos da boca do lixo paulistana.
Pelo tom da faixa que se vê diante da casa, a noite promete: "O mito ao vivo. Num lindo show de striptease".
Depois de anos morando em Zurique, Roberta, 36, retornou para o Brasil há três meses. Desde então, protagoniza o que chama de "performance". Já passou por Curitiba, Porto Alegre, Rio. Agora é a vez de São Paulo. Hoje, tão logo sair do Orion, seguirá para a boate Las Vegas, em Campinas.
Ciúme, sim. "O Roland fica tristinho. Não gosta de marmanjos me rodeando, fazendo "fiu fiu". Bobagem, porque não misturo o afetivo com o profissional. Sem contar que os shows rendem um dinheirinho extra", disse Roberta à Folha na quarta-feira, quando finalmente atendeu o telefone.
Estava no salão de beleza, em Copacabana, e garantiu que "a performance" desta noite não incluirá striptease. "Vou apenas desfilar e autografar o livro que lancei em 98 (a biografia "Muito Prazer, Roberta Close'). Aquela faixa na porta do Orion é só chamariz de mau gosto. Não tiro roupa nenhuma."
Caso não tire, será uma das poucas inibidas por ali. O teatro da rua Aurora, com capacidade para 500 pessoas (e ingressos a R$ 10), tem um time de 40 garotas -tigresas, panteras, enfermeiras, dançarinas de flamenco e tiazinhas, que se revezam no palco diariamente, das 13h às 23h30, em shows de striptease e sexo explícito.
Celso Ramos, o empresário de Roberta, contradiz a "performer": "O espetáculo é sempre igual. Dura 20 minutos e custa R$ 4.000. Primeiro, Roberta aparece com vestido de noite, daqueles bonitos, que costuma usar quando vai à Hebe. Depois, troca de roupa, dubla uma música lenta americana e faz topless. No fim, surge com uma lingerie bem sensual e transparente, para provar que virou mesmo mulher."
"Ela não pode contar tudo o que acontece no palco por causa do maridão", explica Armando Gabriel, gerente de marketing do Orion. "Você sabe: o cara é gringo. Não entende as paradas do Brasil."


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