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PERFORMANCE
Roberta Close vai à boca
ARMANDO ANTENORE
da Reportagem Local
"É engano. Não há Roberta
aqui." E bateu o telefone.
Mas como não havia Roberta? O número discado estava
correto, e o sotaque do homem
que esbravejara não deixava
dúvidas: Roland, o marido suíço de Roberta, atendera a ligação e atacava de cão de guarda.
Ciúme? Se for, pobre Roland,
porque hoje, às 21h, sua Roberta -a Roberta Close dos brasileiros- vai se exibir no teatro
Orion, um dos mais antigos da
boca do lixo paulistana.
Pelo tom da faixa que se vê
diante da casa, a noite promete:
"O mito ao vivo. Num lindo
show de striptease".
Depois de anos morando em
Zurique, Roberta, 36, retornou
para o Brasil há três meses.
Desde então, protagoniza o que
chama de "performance". Já
passou por Curitiba, Porto Alegre, Rio. Agora é a vez de São
Paulo. Hoje, tão logo sair do
Orion, seguirá para a boate Las
Vegas, em Campinas.
Ciúme, sim. "O Roland fica
tristinho. Não gosta de marmanjos me rodeando, fazendo
"fiu fiu". Bobagem, porque não
misturo o afetivo com o profissional. Sem contar que os
shows rendem um dinheirinho
extra", disse Roberta à Folha
na quarta-feira, quando finalmente atendeu o telefone.
Estava no salão de beleza, em
Copacabana, e garantiu que "a
performance" desta noite não
incluirá striptease. "Vou apenas desfilar e autografar o livro
que lancei em 98 (a biografia
"Muito Prazer, Roberta Close').
Aquela faixa na porta do Orion
é só chamariz de mau gosto.
Não tiro roupa nenhuma."
Caso não tire, será uma das
poucas inibidas por ali. O teatro da rua Aurora, com capacidade para 500 pessoas (e ingressos a R$ 10), tem um time
de 40 garotas -tigresas, panteras, enfermeiras, dançarinas de
flamenco e tiazinhas, que se revezam no palco diariamente,
das 13h às 23h30, em shows de
striptease e sexo explícito.
Celso Ramos, o empresário
de Roberta, contradiz a "performer": "O espetáculo é sempre igual. Dura 20 minutos e
custa R$ 4.000. Primeiro, Roberta aparece com vestido de
noite, daqueles bonitos, que
costuma usar quando vai à Hebe. Depois, troca de roupa, dubla uma música lenta americana e faz topless. No fim, surge
com uma lingerie bem sensual
e transparente, para provar que
virou mesmo mulher."
"Ela não pode contar tudo o
que acontece no palco por causa do maridão", explica Armando Gabriel, gerente de
marketing do Orion. "Você sabe: o cara é gringo. Não entende as paradas do Brasil."
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