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LITERATURA
CBL e SNEL disputam liderança no mercado de livros
São Paulo e Rio organizam feiras quase simultâneas
CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio
As duas maiores entidades ligadas ao mercado editorial brasileiro
-a CBL (Câmara Brasileira do Livro, que reúne livreiros e distribuidores) e o SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livros)- travam, a partir da próxima semana,
um duelo que definirá quem comanda o mercado.
Pela primeira vez, as duas instituições estão organizando duas
grandes feiras ao mesmo tempo.
Em São Paulo, a CBL inaugura na
quarta-feira o Salão Internacional
do Livro (no Expo Center Norte).
Um dia antes, no Rio, o SNEL apresenta ao público a 9ª Bienal Internacional do Livro (no Riocentro,
zona oeste da cidade).
No centro da disputa, está um
mercado que movimentou no ano
passado R$ 2,083 bilhões, vendendo 410 milhões de exemplares
-um crescimento de 13% com relação ao ano anterior.
A briga entre as duas instituições
surgiu em 1997, quando a CBL decidiu tornar a bienal paulista (que
acontecia nos anos pares) em feira
anual a partir de 1999, contra a
vontade dos editores. Com isso,
houve a coincidência de datas com
a bienal carioca. As duas feiras, que
até dia 2 de maio vão disputar a
atenção dos leitores brasileiros,
têm perfis diferentes.
No Rio estão as principais editoras do país, como a Record, a Objetiva, a Companhia das Letras, a
Nova Fronteira e a Rocco, que não
montaram estandes em São Paulo.
Autores como o Prêmio Nobel de
Literatura 98, o português José Saramago, e o brasileiro Paulo Coelho circularão pelo Riocentro.
Saramago faz a palestra de abertura da Bienal, no dia 20, e lança no
Rio "Cadernos de Lanzarote 2".
Coelho divulga "Confissões de
Paulo Coelho", biografia escrita
pelo jornalista espanhol Juan
Arias, e participa de uma conversa
com o público no dia 23 às 17h.
Em São Paulo estão as grandes
distribuidoras e redes de livrarias,
o que dá ao Salão Internacional do
Livro um perfil mais voltado para a
venda direta ao público.
No Expo Center Norte, há também convidados, como os escritores ingleses Jim Crace (que lançará
"Quarentena", livro indicado ao
Booker's Prize) e Pauline Melville
(lançando "A História do Ventríloquo", vencedor do Whitbread
First Novel Prize de 1998).
O mercado editorial acompanha
atento a disputa. Quem "vencer" a
batalha -ou seja, quem conseguir
atrair mais atenção do público e
dos meios de comunicação- poderá definir o próximo ano.
Antes da divisão, o calendário
previa, para 2000, a realização da
Bienal de São Paulo. Editores ligados ao SNEL pretendem pressionar a CBL para que a feira, prevista
para abril, seja transferida para o
segundo semestre. Caso contrário,
podem realizar uma feira menor,
sem a participação da CBL, entre
os meses de agosto e outubro.
"Ano que vem não tem discussão. Faremos a bienal aqui, a última do século. E em 2001 faremos o
Salão do Livro novamente", diz
Raul Wassermann, presidente da
CBL. Roberto Feith, dono da editora Objetiva e diretor de comunicação da Bienal do Rio, acha que
Wassermann mantém "uma posição muito teimosa, independente
do que pensam os editores".
"Há um divórcio entre o que diz
a CBL e a opinião dos editores."
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