São Paulo, Sexta-feira, 16 de Abril de 1999
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LITERATURA
CBL e SNEL disputam liderança no mercado de livros
São Paulo e Rio organizam feiras quase simultâneas

CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio

As duas maiores entidades ligadas ao mercado editorial brasileiro -a CBL (Câmara Brasileira do Livro, que reúne livreiros e distribuidores) e o SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livros)- travam, a partir da próxima semana, um duelo que definirá quem comanda o mercado.
Pela primeira vez, as duas instituições estão organizando duas grandes feiras ao mesmo tempo. Em São Paulo, a CBL inaugura na quarta-feira o Salão Internacional do Livro (no Expo Center Norte). Um dia antes, no Rio, o SNEL apresenta ao público a 9ª Bienal Internacional do Livro (no Riocentro, zona oeste da cidade).
No centro da disputa, está um mercado que movimentou no ano passado R$ 2,083 bilhões, vendendo 410 milhões de exemplares -um crescimento de 13% com relação ao ano anterior.
A briga entre as duas instituições surgiu em 1997, quando a CBL decidiu tornar a bienal paulista (que acontecia nos anos pares) em feira anual a partir de 1999, contra a vontade dos editores. Com isso, houve a coincidência de datas com a bienal carioca. As duas feiras, que até dia 2 de maio vão disputar a atenção dos leitores brasileiros, têm perfis diferentes.
No Rio estão as principais editoras do país, como a Record, a Objetiva, a Companhia das Letras, a Nova Fronteira e a Rocco, que não montaram estandes em São Paulo.
Autores como o Prêmio Nobel de Literatura 98, o português José Saramago, e o brasileiro Paulo Coelho circularão pelo Riocentro.
Saramago faz a palestra de abertura da Bienal, no dia 20, e lança no Rio "Cadernos de Lanzarote 2". Coelho divulga "Confissões de Paulo Coelho", biografia escrita pelo jornalista espanhol Juan Arias, e participa de uma conversa com o público no dia 23 às 17h.
Em São Paulo estão as grandes distribuidoras e redes de livrarias, o que dá ao Salão Internacional do Livro um perfil mais voltado para a venda direta ao público.
No Expo Center Norte, há também convidados, como os escritores ingleses Jim Crace (que lançará "Quarentena", livro indicado ao Booker's Prize) e Pauline Melville (lançando "A História do Ventríloquo", vencedor do Whitbread First Novel Prize de 1998).
O mercado editorial acompanha atento a disputa. Quem "vencer" a batalha -ou seja, quem conseguir atrair mais atenção do público e dos meios de comunicação- poderá definir o próximo ano.
Antes da divisão, o calendário previa, para 2000, a realização da Bienal de São Paulo. Editores ligados ao SNEL pretendem pressionar a CBL para que a feira, prevista para abril, seja transferida para o segundo semestre. Caso contrário, podem realizar uma feira menor, sem a participação da CBL, entre os meses de agosto e outubro.
"Ano que vem não tem discussão. Faremos a bienal aqui, a última do século. E em 2001 faremos o Salão do Livro novamente", diz Raul Wassermann, presidente da CBL. Roberto Feith, dono da editora Objetiva e diretor de comunicação da Bienal do Rio, acha que Wassermann mantém "uma posição muito teimosa, independente do que pensam os editores".
"Há um divórcio entre o que diz a CBL e a opinião dos editores."


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