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Iraniano filma a música como combate à repressão
ENVIADA A CANNES
"Um filme clandestino sobre
a música underground no Irã."
Assim o iraniano Bahman Ghobadi ("Tempo de Embebedar
Cavalos") definiu seu "No One
Knows About Persian Cats"
(ninguém sabe sobre os gatos
persas), que abriu anteontem a
mostra Um Certo Olhar.
"Baseado em personagens e
eventos reais", o filme segue as
tentativas de dois músicos de
obter autorização para tocar fora do Irã. Ela e ele cantam rock
em inglês, são fãs de Strokes e
Sigur Rós e contam com a ajuda
de amigos para ensaiar clandestinamente em Teerã.
Da rede de conexões com
músicos e despachantes que a
dupla mobiliza faz parte um
grupo de rap, cujo líder diz não
querer atravessar fronteiras.
"Deus, acorda! Tenho que falar
com você", diz uma letra.
A jornalista iraniano-americana Roxana Saberi, namorada
de Ghobadi, assina como corroteirista. Acusada pelo Irã de espionar para os EUA, ela foi sucessivamente detida, solta e
impedida de sair de seu país
neste ano, fatos que levaram o
presidente Barack Obama a se
manifestar em seu favor.
"Minha namorada não veio
porque ficou muito aflita sobre
o que poderia acontecer com
sua família caso deixasse o Irã",
afirmou Ghobadi. O cineasta
disse que "No One Knows
About Persian Cats" tem origem numa depressão que ele
sofreu, após três anos de tentativas infrutíferas para ser autorizado a filmar outro longa.
Disse que foi buscar na música um efeito terapêutico e terminou aprendendo com "os
underground" a desafiar a repressão e contornar proibições
impostas pelo governo.
(SA)
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