|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
José Dumont quer prestar
homenagem a homem simples
da Agência Folha, em Itira (MG)
Nascido no agreste da Paraíba, o
ator José Dumont, 46, vê muitas
semelhanças entre sua vida e a do
inventor Lineu, seu personagem
no filme "Kenoma".
Como Lineu, que luta para construir a máquina do movimento
perpétuo, Dumont também não
foi à escola, mas conseguiu realizar seu sonho de fazer cinema.
No roteiro, ele enfrenta o proprietário das terras da região, interpretado por Jonas Bloch, que
não acredita no projeto de Lineu e
tenta impedi-lo.
Agência Folha - Quem é Lineu?
José Dumont - Lineu é o artesão. Nós pretendemos, com isso,
homenagear os artesãos do Vale
do Jequitinhonha. É um cientista
sem universidade, mas que conhece os princípios da natureza.
Agência Folha - O que Lineu propõe é uma utopia?
Dumont - O filme mostra o
princípio da biodiversidade. Qualquer pessoa pode conseguir energia da água, do sol ou do vento.
São essas formas que, no futuro,
vão prevalecer.
Agência Folha - Mais homens como Lineu poderiam ser a solução
para locais pobres como Kenoma?
Dumont - Sim, porque, dentro
da fantasia dele, ele procura resolver as coisas. No Brasil, há muitos
Lineus. O que não tem é escola e
infra-estrutura. Eu posso falar por
mim mesmo, porque nunca fiz escola. Aos seis anos, já sabia ler e
escrever no interior da Paraíba,
um lugar onde raramente você encontra alguém alfabetizado. O fato
de aprender a ler fez com que eu
saísse daquele interior bravo.
Agência Folha - É preciso ter
vontade de melhorar?
Dumont - É isso que me encanta nesse personagem. Ele tem mais
coragem do que eu. Mas eu sempre quis fazer cinema, que é uma
coisa muito menos "viável" do
que uma máquina dessas (risos).
(CHS)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|