São Paulo, sexta, 16 de maio de 1997.



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José Dumont quer prestar homenagem a homem simples

da Agência Folha, em Itira (MG)

Nascido no agreste da Paraíba, o ator José Dumont, 46, vê muitas semelhanças entre sua vida e a do inventor Lineu, seu personagem no filme "Kenoma".
Como Lineu, que luta para construir a máquina do movimento perpétuo, Dumont também não foi à escola, mas conseguiu realizar seu sonho de fazer cinema.
No roteiro, ele enfrenta o proprietário das terras da região, interpretado por Jonas Bloch, que não acredita no projeto de Lineu e tenta impedi-lo.

Agência Folha - Quem é Lineu?
José Dumont -
Lineu é o artesão. Nós pretendemos, com isso, homenagear os artesãos do Vale do Jequitinhonha. É um cientista sem universidade, mas que conhece os princípios da natureza.
Agência Folha - O que Lineu propõe é uma utopia?
Dumont -
O filme mostra o princípio da biodiversidade. Qualquer pessoa pode conseguir energia da água, do sol ou do vento. São essas formas que, no futuro, vão prevalecer.
Agência Folha - Mais homens como Lineu poderiam ser a solução para locais pobres como Kenoma?
Dumont -
Sim, porque, dentro da fantasia dele, ele procura resolver as coisas. No Brasil, há muitos Lineus. O que não tem é escola e infra-estrutura. Eu posso falar por mim mesmo, porque nunca fiz escola. Aos seis anos, já sabia ler e escrever no interior da Paraíba, um lugar onde raramente você encontra alguém alfabetizado. O fato de aprender a ler fez com que eu saísse daquele interior bravo.
Agência Folha - É preciso ter vontade de melhorar?
Dumont -
É isso que me encanta nesse personagem. Ele tem mais coragem do que eu. Mas eu sempre quis fazer cinema, que é uma coisa muito menos "viável" do que uma máquina dessas (risos). (CHS)



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