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Groening prevê mais 5 anos para série
Criador de "Os Simpsons" afirma que provocações são a isca para, passados 17 anos, ainda despertar a atenção do público
Roteiristas da animação norte-americana preparam adaptação para o cinema há 10 anos; filme apresentará personagens inéditos
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES
"Você é do Brasil, não é? Tivemos alguns problemas com
seu país. Aliás, acho que nosso
departamento jurídico ainda
está tendo. Por ora, estamos
proibidos de citar o Brasil", disse à Folha, rindo, o produtor
executivo e roteirista Al Jean,
durante a entrevista que ele, o
criador Matt Groening e o roteirista Tim Long deram para a
imprensa de fora dos EUA em
Los Angeles para apresentar a
17ª temporada de "Os Simpsons" e falar do projeto de longa-metragem.
A menção ao Brasil se deu na
pergunta sobre a possibilidade
de a série ter muitos problemas
por causa do roteiro subversivo, que zomba pessoas, países e
situações, americanas ou não.
Em 2002, no episódio "Blame It on Lisa", o seriado mostrou o Rio de Janeiro com macacos e ratos nas ruas. Lisa foi
atacada por pivetes. E Homer
foi seqüestrado. Isso virou incidente internacional. A Embratur protestou formalmente
contra a série.
Leia abaixo alguns trechos da
entrevista com o trio.
(LÚCIO RIBEIRO)
A LONGEVIDADE
"O desenho já tem 17 anos, e
isso é tempo demais. Mas enquanto os Simpsons divertirem
as pessoas, não tem razão para
o seriado acabar. Estou trabalhando nele há nove anos e, toda vez que eu penso nisso, fico
chocado. Imagino a pessoa que
via o desenho quando criança,
adolescente e, agora adulta, parou de ver. Tenho um pouco de
medo disso. Mas aí eu vejo o
Bart e falo: "vamos em frente'",
disse Long.
"O objetivo é encontrar maneiras de sempre surpreender a
audiência. Mas primeiro, tentamos surpreender a nós mesmos. Temos um número grande de roteiristas na equipe, gente de várias idades, exatamente
para tentar não nos canibalizar
nas idéias. Às vezes, na hora de
escrever o roteiro, eu paro e
penso que já fiz aquela piada.
Mas aí eu volto e acho que ela
cabe de novo, então eu faço.
O Homer trabalha numa usina nuclear há 17 anos, e nós
continuamos a fazer piadas de
usinas nucleares. Enquanto rirem delas, vamos fazê-las.
Uma boa medida vai ser o filme para o cinema, nosso projeto mais ousado. Sempre pensei
em fazê-lo depois que o desenho parasse de passar na TV,
mas fomos "obrigados" a produzi-lo agora por uma demanda
popular. Se ele falhar nas bilheterias, será hora de pensar na
continuidade dele na TV também. Mas se for para prever o
futuro, acho que a série tem
ainda mais uns cinco anos",
afirmou Groening.
AS CONTROVÉRSIAS
"A gente às vezes tenta arrumar
uma encrenca só para aliviar o
trabalho de 17 anos e mostrar
que ainda estamos vivos e importando de alguma forma para
as pessoas. Esse medo de não se
importarem com o programa
nos torna mais provocativos.
Acho que tendemos a incomodar mais em questões familiares, de uns tempos para cá.
"Os Simpsons" são um desenho
levemente progressista para os
padrões atuais da América e, às
vezes, nossas piadas anti-republicanas podem deixar alguns
políticos enfurecidos", conta
Groening.
"Os canadenses já não ligam
mais para nossas brincadeiras.
Ficaram muito bravos no começo, mas agora está tudo bem.
E tivemos esse problema com o
Brasil há alguns anos...
Porque botamos o Rio no desenho e fizemos uma brincadeira com macacos selvagens
na rua, atacando pessoas, as
pessoas lá ficaram muito bravas. Parece que fomos processados. Acho que o caso ainda
não está resolvido.
Ficamos torcendo muito para o governo brasileiro nos processar, para que nós fôssemos
obrigados a passar um tempo
no Brasil, lidando com a Justiça. Se fosse num período de
Carnaval, então, seria perfeito",
brincou Jean.
CONVIDADOS ESPECIAIS
"Já virou uma instituição do
programa, e ficamos muito orgulhosos que as pessoas que a
gente convida para dar voz a "Os
Simpsons" botem isso em lugar
de destaque no currículo delas.
A gente não costuma escrever
um episódio pensando em convidar alguém. Quando terminamos, pensamos: "Talvez possamos encaixar certa pessoa bem
aqui'", disse Jean.
O FILME
"Falamos em fazer o filme desde 1996. Agora, ele vai acontecer de verdade. Já escrevemos e
reescrevemos a história. Com
tantas animações quebrando
recordes de bilheteria, não podemos jogar a história de Homer e Bart nas telas e isso ser
um fiasco. Desta vez, estamos
fazendo as pessoas pagarem
US$ 10 para nos ver. Precisamos justificar isso com algo a
mais do que elas vêem na TV.
Por isso, haverá muitas surpresas. Alguns personagens novos
e os já conhecidos que o desenho tem", encerrou Groening.
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