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Festival de Teatro de Rio Preto faz prevalecer pesquisa de grupo
Peças seguem à risca conceito de impermanência e mostram pesquisa sólida
SÉRGIO SALVIA COELHO
ENVIADO ESPECIAL A RIO PRETO
Conceito do sétimo Festival
Internacional de Teatro de Rio
Preto seguido à risca na programação, a impermanência está
não só nos meios, cenários alternativos que incorporam o
aleatório, mas também nos
próprios espetáculos, tomados
enquanto processo e não como
resultado. Assim, temos montagens que, no contexto de um
ponto de encontro para troca
de experiências, dão mostras
de uma pesquisa sólida.
É o caso de "Zona de Guerra",
da Cia. Tripital de Teatro, de
SP, dirigida por André Garolli,
um texto de Eugene O'Neill, de
trama simples e linear, sobre o
medo dos marujos de um eventual espião infiltrado. A montagem busca quebrar com cenas
simbólicas, plasticamente bem
elaboradas, um naturalismo
um pouco datado.
Atores que sabem dar perspectiva a seus personagens não
evitam uma certa redundância
entre o que é dito e mostrado. A
pesquisa do grupo ganha importância, no entanto, quando
se sabe que esta peça faz parte
de uma tetralogia das "peças do
mar" de O'Neill que vem sendo
construída pela Triptal.
Da mesma forma, há algo de
previsível na fábula cigana "Savina", do Amok Teatro, do Rio:
um pai promete casar sua filha
não nascida com o futuro filho
de seu melhor amigo. Quando
chega a hora, ele busca cancelar
a promessa, já que o amigo agora é um velho bêbado, com filho
namorador. A pesquisa aprofundada, associada à técnica de
Stephane Brodt, o amigo renegado, à trilha ao vivo e à boa dinâmica do cenário, fazem esquecer algumas ingenuidades da direção de Ana Teixeira.
Por seu lado, o grupo Espanca!, de BH, que surpreendeu
anos atrás com a peça de estréia
"Por Elise", tem agora que enfrentar o estigma da segunda
peça. Na comparação, "Amores
Surdos" perde muito: o texto,
da mesma Grace Passô, foge de
uma cobrança por um novo
mergulho metafísico em seu
quintal com um texto de humor
descabelado, mas deixa a impressão de esboço. Uma família
segue um cotidiano de sapateados obrigatórios e a asma de um
irmão "pequeno" de tamanho
descomunal. No entanto, o
mal-estar vai crescendo na forma de um hipopótamo secreto,
com o potencial simbólico do
rinoceronte de Ionesco.
ZONA DE GUERRA
Avaliação: bom
SAVINA
Avaliação: bom
AMORES SURDOS
Avaliação: bom
O crítico SÉRGIO SALVIA COELHO viaja a convite da organização do festival
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