São Paulo, segunda-feira, 16 de julho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Festival de Teatro de Rio Preto faz prevalecer pesquisa de grupo

Peças seguem à risca conceito de impermanência e mostram pesquisa sólida

SÉRGIO SALVIA COELHO
ENVIADO ESPECIAL A RIO PRETO

Conceito do sétimo Festival Internacional de Teatro de Rio Preto seguido à risca na programação, a impermanência está não só nos meios, cenários alternativos que incorporam o aleatório, mas também nos próprios espetáculos, tomados enquanto processo e não como resultado. Assim, temos montagens que, no contexto de um ponto de encontro para troca de experiências, dão mostras de uma pesquisa sólida.
É o caso de "Zona de Guerra", da Cia. Tripital de Teatro, de SP, dirigida por André Garolli, um texto de Eugene O'Neill, de trama simples e linear, sobre o medo dos marujos de um eventual espião infiltrado. A montagem busca quebrar com cenas simbólicas, plasticamente bem elaboradas, um naturalismo um pouco datado.
Atores que sabem dar perspectiva a seus personagens não evitam uma certa redundância entre o que é dito e mostrado. A pesquisa do grupo ganha importância, no entanto, quando se sabe que esta peça faz parte de uma tetralogia das "peças do mar" de O'Neill que vem sendo construída pela Triptal.
Da mesma forma, há algo de previsível na fábula cigana "Savina", do Amok Teatro, do Rio: um pai promete casar sua filha não nascida com o futuro filho de seu melhor amigo. Quando chega a hora, ele busca cancelar a promessa, já que o amigo agora é um velho bêbado, com filho namorador. A pesquisa aprofundada, associada à técnica de Stephane Brodt, o amigo renegado, à trilha ao vivo e à boa dinâmica do cenário, fazem esquecer algumas ingenuidades da direção de Ana Teixeira.
Por seu lado, o grupo Espanca!, de BH, que surpreendeu anos atrás com a peça de estréia "Por Elise", tem agora que enfrentar o estigma da segunda peça. Na comparação, "Amores Surdos" perde muito: o texto, da mesma Grace Passô, foge de uma cobrança por um novo mergulho metafísico em seu quintal com um texto de humor descabelado, mas deixa a impressão de esboço. Uma família segue um cotidiano de sapateados obrigatórios e a asma de um irmão "pequeno" de tamanho descomunal. No entanto, o mal-estar vai crescendo na forma de um hipopótamo secreto, com o potencial simbólico do rinoceronte de Ionesco.


ZONA DE GUERRA
Avaliação:
bom

SAVINA
Avaliação:
bom

AMORES SURDOS
Avaliação:
bom

O crítico SÉRGIO SALVIA COELHO viaja a convite da organização do festival


Texto Anterior: Segundo CD terá questionamentos políticos e falará de acesso à educação
Próximo Texto: Nelson Ascher
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.