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Autores lamentam casos, mas não veem solução
DA REPORTAGEM LOCAL
No ano passado, o escritor
Marcelo Rubens Paiva cadastrou o próprio nome no Google
Alert -serviço que envia ao internauta links sobre assuntos
selecionados que caem na rede- para ficar ciente quando
grupos de teatro montassem
peças a partir de textos seus.
Logo recebeu um aviso de
que seu livro "Feliz Ano Velho"
(Objetiva) estava disponível
para download, em formato
DOC, no Esnips. Escreveu pedindo a retirada do texto, e o título saiu do ar. Uma semana
depois, um novo aviso -agora o
livro aparecia também no formato PDF. Na sequência, entrou o romance "Blecaute".
"Desisti. Não tem mais o que fazer", lamenta o escritor.
Paiva vê uma diferença entre
a pirataria na música e na literatura: "Na música, por mais
nociva que seja, a pirataria pode até aquecer o mercado de
shows. Agora, na literatura, a
gente não tem outra fonte de
renda que não seja o livro".
O escritor e colunista da Folha Ruy Castro também deparou, há alguns anos, com um
arquivo com o texto de "Chega
de Saudade" (Companhia das
Letras) disponível na internet.
Não pensa em tentar brigar
com os novos tempos. "Seria só
uma fonte total de aborrecimento para mim", imagina.
O que mais o incomoda, na
verdade, é outra questão. "O
texto que vi inteiro lá está na
rede de uma maneira absurda:
não tem parágrafo nem nada. O
cidadão [o próprio Ruy] toma o
maior cuidado para separar tudo em parágrafos, vem um imbecil e joga tudo lá como se fosse uma coisa só", reclama.
"Quero crer que o leitor vai
preferir sempre o livro original,
com ilustrações e a revisão impecável da editora", ele diz.
(RC)
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